Processo de reclusão quase total. Largando a net, lentamente - pra atenuar a síndrome de abstinência. Orkut, msn, blogs etc, tudo sendo fechado aos poucos. Todas essas ferramentas raramente me aproximaram de alguém. Quando isso ocorreu, ótimo, mas na imensa maioria das vezes quem estava longe lá permaneceu. Substituimos nossos encontros e sufocamos nossas saudades com eventuais contatos virtuais. Acomodamo-nos com a tecnologia e cada vez mais nos afastamos das pessoas queridas. Trocamos o papo ao vivo pelo conforto do papo via qualquer coisa. Amordaçamos a angústia com o cobertor das inovações. Fico pensando aqui em 1995 (como um exemplo), quando todos estávamos juntos e assim permanecemos - sem celulares, e-mails, msn e/ou orkut. Não posso crer que a eventual existência desses instrumentos naquele ano fizesse diferença significativa para alguém. Estávamos juntos porque estávamos juntos, bastava a qualquer um tomar o caminho da rua. Hoje abrimos mão de muita coisa por dez minutos de papo com a cara enfiada no pc. A distância para a casa daquele teu amigo (que era de 10 quilômetros) chegou aos 25km hoje, e as casas estão nos mesmos lugares. Todo o tempo dispendido no pc não poderia ser jogado em outro campo? Claro que para amigos separados por centenas e/ou mlhares de quilômetros o papo pode ser outro, mas quanto ao resto...
Éramos obrigados e levados a uma interação intensa e constante - com uma recompensa muito mais generosa. Mudando de pau pra cavaco e mudando quase nada (para exemplificar), digo: quando temos todos (??!!) os discos do mundo em nossa tela não temos disco nenhum. Eu era absurdamente feliz quando abria aquela caixa dos correios para sacar aquela carta ou quando juntava a minha grana para comprar aquele vinil socado na última prateleira da loja. E achava quem eu queria achar antes do rock, pois quem queria ser achado estaria comigo nesse momento. Sem as patrulhas, as conferidas e as cobranças do celular.
Vão dizer que sou nostálgico - talvez estejam certos.
Vão dizer que sou romântico - quase certamente.
Vão dizer que sou retrógrado - a verdade em muitos pontos não está longe disso.
Mas deixem-me fazer um questionamento, um só:
De todos os teus amigos do peito - de sangue ou não, aqueles que mais prezas e mais queres por perto -, quantos são resultado direto ou indireto de toda essa parafernália tecnológica?
A resposta a essa pergunta pode me redimir um pouco.
Éramos obrigados e levados a uma interação intensa e constante - com uma recompensa muito mais generosa. Mudando de pau pra cavaco e mudando quase nada (para exemplificar), digo: quando temos todos (??!!) os discos do mundo em nossa tela não temos disco nenhum. Eu era absurdamente feliz quando abria aquela caixa dos correios para sacar aquela carta ou quando juntava a minha grana para comprar aquele vinil socado na última prateleira da loja. E achava quem eu queria achar antes do rock, pois quem queria ser achado estaria comigo nesse momento. Sem as patrulhas, as conferidas e as cobranças do celular.
Vão dizer que sou nostálgico - talvez estejam certos.
Vão dizer que sou romântico - quase certamente.
Vão dizer que sou retrógrado - a verdade em muitos pontos não está longe disso.
Mas deixem-me fazer um questionamento, um só:
De todos os teus amigos do peito - de sangue ou não, aqueles que mais prezas e mais queres por perto -, quantos são resultado direto ou indireto de toda essa parafernália tecnológica?
A resposta a essa pergunta pode me redimir um pouco.
6 Comments:
caio, cê pode tar certo em muita coisa, pode ser, mas se eu responder à tua pergunta a gente vai acabar concluindo que a coisa é diferente pra mim e pra ti: eu tenho alguns amigos, amigos de verdade, do coração mesmo, que eu conheci pela internet. e hoje, que eu já uso muito pouco a net, eles continuam sendo amigos e eu já quase esqueço que a gente se conheceu pela internet.
Pois é... No meu caso a matemática é bem simples: uns 15% (?) dos meus amigos foram feitos (feitos? não, feitos não; foram feitos mesmo no contato ao vivo, a amizade só se afirma olho no olho) graças a net. Considerando que ela (a net) está forte em nossas vidas desde 97 (dez anos)... Uma porcentagem irrisória.
Mas cada um, cada um, só falo realmente por mim.
Não pretendo ditar nenhuma verdade, ainda que muita gente pense que esse é o meu objetivo.
Beijão, moça.
Foda-se a tecnologia...
quantos são resultado direto ou indireto de toda essa parafernália tecnológica?
Minhas respostas:
- valorizo cada vez mais um simples papo de boteco, num boteco de verdade, e que muitas vezes pode ter sido marcado via msn, por ex, no horário de trabalho e num momento do qual uma ligação telefônica seria impossível.
- valorizo mais ainda um simples papo de boteco, num boteco de verdade, marcado através de uma simples ligação telefônica, sem expor-se em orkuts, bloggs e/ou fotologs da vida.
- valorizo cada vez mais meus discos que comprei no fértilo período em que o Real estava pau a pau c/ o Dólar, pois tem muita coisa ali que está fora de catálogo e do interesse das gerações que já cresceram baixando música.
- o fato de pertencer a uma geração que vivenciou intensamente a troca de vinil p/ cd, e que viu nos downloads uma solução mais conveniente p/ achar o que vc não conseguiu via encomendas normais (seja por preço alto, seja por total inacessibilidade), me faz valorizar cada download efetivado, pois não vou disparar p/ todos os coantos, baixar todas as músicas do mundo, e não me aprofundar em quase nada, prezando apenas o "novo" pelo simples imediatismo de sua aquisição. Baixo os osns que me interessam diretamente, e os demais eu confio em dicas de amigos que conheço pessoalmente e que me permitem uma avaliação mais criteriosa.
- o fato de já ter ficado um tempo sem celular, um tempo maior ainda sem internet e sem computador, me faz menos dependente destas tecnologias, apesar de meu trabalho lidar diretamente com estes recursos.
- MSN: apenas p/ os amigos mais próximos, justamente p/ encurtar certos passos p/ uma comunicação mais direta - e menos pessoal, admito.
- Orkut: nunca tive, nunca terei. As gerações atuais crescem achando que suas vidas têm que obrigatoriamente estar expostas na web. Azar o delas...
- fotolog: vou sempre cirar um para divulgar projetos de festas e/ou eventos que participo. Meu nome aparece lá, como participante, nunca em primeira pessoa.
- também devo ter uma porcentagem próxima de 10% de amigos que conheci na internet. Na verdade, amigos "reais" meus me fizeram conhecer os "virtuais" pessoalmente. Se a amizade transcende o "virtual" para o campo "real" (e não aquelas baboseiras de "1000 amigos no orkut"), é porque dali se criaram afinidades verdadeiras.
resumindo minha opinião/resposta:
nostálgico? tô começando a acreditar que quem chega nos trina anos - e daí por diante - não tem como não ter pensamentos nostálgicos.
romântico? com certeza! boas lembranças só fazem bem!
retrógrado? acho que ainda não cheguei neste estágio, mas acho que não escaparei disso - em que grau, só deus saberá...
OPA!!
ainda bem que de longe não posso participar dessa discussão.
heheeh.
mas estou preferindo os discos antigos (boas redescobertas) do que os baixados na última hora.
Exceção ao do !!! - Myth Takes (genial!!!!!!!!!!!)
Taylor
Postar um comentário