melhor filme em cartaz no rio, provável melhor filme do ano, uma das pérolas da produção contemporânea mundial de cinema, feita por um jovem diretor que já mostra ser dos melhores do mundo:
em busca da vida (sanxia haoren), de jia zhang-ke (china/hong-kong, 2006).
"Ainda que os personagens exprimam uma coletividade e o mal-estar dessa coletividade, eles têm vida própria, uma existência sólida, eles são muito mais do que simples meios para explicitar mensagens. Prova disso são as palavrinhas que volta e meia aparecem na tela, e que constróem um esboço de estrutura do filme: cigarros, bebida, chá, balinhas toffee. Pois, ainda que revele um mundo em ruínas que morre e outro, friamente belo, que nasce à revelia do sofrimento de seus habitantes, Jia Zhang-Ke se interessa em chamar a atenção para as possibilidades de troca, de altruísmo, de comunicação entre as pessoas. Um chá que se toma a dois, um cigarro que se oferece, bebida que se compartilha. Ainda que desgarrados, ainda que desorientados pela terra que não mais responde pelo que era, eles ainda insistem em tornar o mundo habitável. Como Zhao Tao e sua amiga russa em O Mundo, é possível aquecer um mundo mesmo quando tudo ao redor parece forçar o esfriamento. Evidência que, para Jia Zhang-Ke, o que importa no final de tudo é constatar que, apesar das múltiplas destruições, das inúmeras dificuldades, esse homem chinês resiste e a vida brota mesmo quando menos se espera, mesmo quando tudo parece evocar destruição (o trabalho de Han Sanming enquanto espera na cidade é demolir prédios). Daí a necessidade do surreal junto com o real, da imaginação junto com a observação, do aberrante que vem quebrar a monotonia do cotidiano. Porque é nessa insistência em ir além dos dados e das condições oferecidas que se constitui uma arte do viver. E essa generosidade do olhar em também ver além é o que faz de Jia Zhang-Ke um cineasta tão fundamental no panorama atual, e faz de Em Busca da Vida um farol no meio do nevoeiro". (Ruy Gardnier, em www.contracampo.com.br)
em busca da vida (sanxia haoren), de jia zhang-ke (china/hong-kong, 2006).
"Ainda que os personagens exprimam uma coletividade e o mal-estar dessa coletividade, eles têm vida própria, uma existência sólida, eles são muito mais do que simples meios para explicitar mensagens. Prova disso são as palavrinhas que volta e meia aparecem na tela, e que constróem um esboço de estrutura do filme: cigarros, bebida, chá, balinhas toffee. Pois, ainda que revele um mundo em ruínas que morre e outro, friamente belo, que nasce à revelia do sofrimento de seus habitantes, Jia Zhang-Ke se interessa em chamar a atenção para as possibilidades de troca, de altruísmo, de comunicação entre as pessoas. Um chá que se toma a dois, um cigarro que se oferece, bebida que se compartilha. Ainda que desgarrados, ainda que desorientados pela terra que não mais responde pelo que era, eles ainda insistem em tornar o mundo habitável. Como Zhao Tao e sua amiga russa em O Mundo, é possível aquecer um mundo mesmo quando tudo ao redor parece forçar o esfriamento. Evidência que, para Jia Zhang-Ke, o que importa no final de tudo é constatar que, apesar das múltiplas destruições, das inúmeras dificuldades, esse homem chinês resiste e a vida brota mesmo quando menos se espera, mesmo quando tudo parece evocar destruição (o trabalho de Han Sanming enquanto espera na cidade é demolir prédios). Daí a necessidade do surreal junto com o real, da imaginação junto com a observação, do aberrante que vem quebrar a monotonia do cotidiano. Porque é nessa insistência em ir além dos dados e das condições oferecidas que se constitui uma arte do viver. E essa generosidade do olhar em também ver além é o que faz de Jia Zhang-Ke um cineasta tão fundamental no panorama atual, e faz de Em Busca da Vida um farol no meio do nevoeiro". (Ruy Gardnier, em www.contracampo.com.br)
4 Comments:
já estou na captura!
aqui na província de Vitória há poquíssimas chances deste filme aparecer mesmo em DVD... ficou na vontade.
pois é, vaca... em vitória é bem difícil, mesmo... e até acho que o filme só tá passando aqui no rio porque ganhou o leão de ouro em veneza. lembro de ter visto prazeres desconhecidos num festival do rio e torcer muito pra o filme entrar em cartaz (nunca tinha visto nada do cara e tinha ficado maravilhada) e nada, nem entrou.
de repente a net dá uma ajuda... quem sabe um dia. :*
a net???
banda-larga pra mim é umsonho distante..
Postar um comentário