1982...
O Umbelino,conhecido como Billi, era o cara mais fodão da nossa turma. Eramos uma horda de quinze a vinte guris de idades variadas. O mais novo ,creio, tinha uns sete pra oito anos, eu incluido nessa faixa etaria; os mais velhos ja beiravam os dezesseis anos.
A distancia etaria dos mais velhos os concediam as escolha das brincadeiras e a responsabilidade em resguardar e cuidar dos mais novinhos. E esse esquema funcionava legal, mesmo sob os cascudos que eram distribuidos democraticamente entre todos ao final de cada brincadeira mais brusca. O garrafão despejava porradas em todos ,mas nós os infantes recebiamos uma cota mais suave, mas não eramo imunes a pancadaria.
E entre os responsaveis os Billi se destacava. Talvez por causa de sua irreverencia e irresponsabilidade .Foi o primeiro a fugir de casa e voltar logo depois morrendo de fome e todo esfarrapado, resultado de um fuga via Vitoria/Minas pra conhecer a praia de Camburi. O primeiro a roubar os quintais classe media alta do bairro Marista e voltar com tenis,bermudas de "nailon" que não molhavam nem sob a chuva mais torrencial. A fumar maconha, a trepar com as meninas de que so os adultos tinham acesso. Enquanto o resto treinava com catalogo de langerries ele se gabava de ter visto uma ,varias xoxotas ao vivo e a cores.
Mas o sujeito era fera mesmo em outra area, nataçao e saltos ornamentais.
Cada noite de verao sacudida por trovoes e relampagos era a senha pra acordar cedo e se mandar para a prainha. Um braço de rio que se curvava entre as Duas Vendinhas e o inicio de Vila Lenira. A profundidade media subia dos meros 30 centiometros para mais de quatro metros e ficava mais emocionante com a correnteza e altura do "trampolim". Uma pedra que variava entre seus varios "degraus" de dois ate sete metros da lamina d´água.
Era o reino encantado do meinino peixe Billi.
A exibiçao do moleque era recheada por uma sequencia de canivetes,pulos de cabeça, meio,duplos e triplos mortai s que deixavam a todos embasbacados.
Cada mergulho era seguido de uma explosao de gritos e aplausos.
Mas um desses mergulhos foi diferente, estranho... sinistro.
As aguas barrentas do Sta Maria levavam tudo em seu leito. Pedaços de madeira,mato, caules de bananeira em quantidade, a cheia levava e lavava tudo a sua margem. E no meio salto do Billy uma enxurrada de bananeiras apareceu como um encanto na sua trajetoria. A meia lua teve de ser abortada. Feito um gato ele se contorceu tentando evitar o choque, nao deu tempo! Fraçoes de segundos se arrastavam nos meus olhos e ...
...Tchibum!!!
O corpo mergulhava entre a agua e os troncos.
Subiu agua,amarela,verdes e vermelho rubro tingindo o rio. E nada do moleque mais legal e safo da minha infância.
O desepero tomou conta e os mais corajosos e mais velhos pularam na agua.Mergulhavam a procura de um sinal do corpo e nada.
Os mais novos choravam, tremiam de medo e imaginavam com seria voltar pra casa desfalacado de um companheiro. Foram minutos de agonia, eserança e preces infantis sem resultado. Nada do Billy, nada do Umbelino o mais sagaz ladrao de manga da turma.
O primeiro a fumar maconha,a beber cerveja, a fugir da escola so pra jogar bola.
O unico com peito e safadesa pra roubar uma bicicleta BMX e desfilar pelas ruas do bairro dizendo que era presente de uma madrinha que ate a mãe dele desconhecia. Farsa durou exatamente uma semana, destruida por uma viatura da policia a sua procura e confiscando a tal BMX, linda por sinal.
Passado o susto voLtamos pra casa sem saber como diriamos pra familia do Billi ,que a poucas semanas havia perdido um irmã num tragico acidente de carro nos eucalipitos que margeavam as curvas de Barbados, que ele se fora tambem.
O trajeto ate nosso bairro tinha um quê de cortejo funebre, se via no rosto de cada um a tristesa e a impotencia de não poder ter feito algo pra salvar nosso heroi maior.
A distancia que nos separava de casa,coisa de uns 7 km, tinha parada obrigatoria numa chacara abandonada repleta de mangueiras,cajueiros,goiabeiras,coqueiros e pes de araças ( uma especie de goiaba na forma e aparencia, mas muito mais gostosa e citrica) conspiravam, floresciam e frutificavam todas na mesma epoca ou seja nas nossa ferias de verão.
Colhemos o suficiente pra divisao, logicamente os menorzinhos escolhiam primeiro, ja que a fome era saciada por meia duzia de mangas e araças cada , o restante os mais velhos detonavam.
O silencio era tão grande que viamos o fantasma do Billi correndo, brincando subindo nos coqueiros ...
O choro era farto e so foi sufocado e cessado por uma saravaida de pedras sob nossas cabeças. Ninguem entendeu nada. O susto e o medo nos fez sair correndo morro acima ate chegar a estrada principal, bufando sem ar. E pra supresa geral e alegria quem encontramos sentado sob a sombra chupando uma bela manga rosa e na outra mão segurando um pequeno arsenal de pedras?
Ele mesmo. O safado havia conseguido se safar, havia ficado submerso o suficiente pra sair de nosso campo de visão e alcançar a margem oposta do Sta Maria e de la ficou observando nosso choro e desespero. Riu feito um diabrete no paraiso e se mandou pra chacara esperando por nosso retorno.
O safado ria, sua pele alva ficava cada vez mais vermelha,as gargalhadas fluiam em meio a mordidas nas mangas, o caldo rolava por seu queixo ate que um de nos pulou em cima dele. Foi a senha pra um saraivada de socos,cascudos,porradas na boca do estomago que o deixaram dessa vez realmente morto.
A tristesa foi substituida pela vingança. As lagrimas substituidas pelo frenesi de punhos,infanto/pre/adolescentes desferindo golpes na carcaça do sujeito.
Por final ele pediu arrego.
Seguimos nosso caminho e foram algumas semanas ate que ele aparecesse novamente pra jogar bolinha de gude,organizar mais um assalto aos pes de manga do vizinho e outra s diabruras em que era mestre.
E ate hoje o evento nos rende muitas risadas e lembranças legais. E so chover um pouco mais na cidade que nossos instintos infantis viajam rumo as Duas Vendinhas, a imagem da criançada arriscando pescoço pulando das pedras e logico do Billi morrendo e ressucitando a base de pancadas generalizadas.
O Umbelino,conhecido como Billi, era o cara mais fodão da nossa turma. Eramos uma horda de quinze a vinte guris de idades variadas. O mais novo ,creio, tinha uns sete pra oito anos, eu incluido nessa faixa etaria; os mais velhos ja beiravam os dezesseis anos.
A distancia etaria dos mais velhos os concediam as escolha das brincadeiras e a responsabilidade em resguardar e cuidar dos mais novinhos. E esse esquema funcionava legal, mesmo sob os cascudos que eram distribuidos democraticamente entre todos ao final de cada brincadeira mais brusca. O garrafão despejava porradas em todos ,mas nós os infantes recebiamos uma cota mais suave, mas não eramo imunes a pancadaria.
E entre os responsaveis os Billi se destacava. Talvez por causa de sua irreverencia e irresponsabilidade .Foi o primeiro a fugir de casa e voltar logo depois morrendo de fome e todo esfarrapado, resultado de um fuga via Vitoria/Minas pra conhecer a praia de Camburi. O primeiro a roubar os quintais classe media alta do bairro Marista e voltar com tenis,bermudas de "nailon" que não molhavam nem sob a chuva mais torrencial. A fumar maconha, a trepar com as meninas de que so os adultos tinham acesso. Enquanto o resto treinava com catalogo de langerries ele se gabava de ter visto uma ,varias xoxotas ao vivo e a cores.
Mas o sujeito era fera mesmo em outra area, nataçao e saltos ornamentais.
Cada noite de verao sacudida por trovoes e relampagos era a senha pra acordar cedo e se mandar para a prainha. Um braço de rio que se curvava entre as Duas Vendinhas e o inicio de Vila Lenira. A profundidade media subia dos meros 30 centiometros para mais de quatro metros e ficava mais emocionante com a correnteza e altura do "trampolim". Uma pedra que variava entre seus varios "degraus" de dois ate sete metros da lamina d´água.
Era o reino encantado do meinino peixe Billi.
A exibiçao do moleque era recheada por uma sequencia de canivetes,pulos de cabeça, meio,duplos e triplos mortai s que deixavam a todos embasbacados.
Cada mergulho era seguido de uma explosao de gritos e aplausos.
Mas um desses mergulhos foi diferente, estranho... sinistro.
As aguas barrentas do Sta Maria levavam tudo em seu leito. Pedaços de madeira,mato, caules de bananeira em quantidade, a cheia levava e lavava tudo a sua margem. E no meio salto do Billy uma enxurrada de bananeiras apareceu como um encanto na sua trajetoria. A meia lua teve de ser abortada. Feito um gato ele se contorceu tentando evitar o choque, nao deu tempo! Fraçoes de segundos se arrastavam nos meus olhos e ...
...Tchibum!!!
O corpo mergulhava entre a agua e os troncos.
Subiu agua,amarela,verdes e vermelho rubro tingindo o rio. E nada do moleque mais legal e safo da minha infância.
O desepero tomou conta e os mais corajosos e mais velhos pularam na agua.Mergulhavam a procura de um sinal do corpo e nada.
Os mais novos choravam, tremiam de medo e imaginavam com seria voltar pra casa desfalacado de um companheiro. Foram minutos de agonia, eserança e preces infantis sem resultado. Nada do Billy, nada do Umbelino o mais sagaz ladrao de manga da turma.
O primeiro a fumar maconha,a beber cerveja, a fugir da escola so pra jogar bola.
O unico com peito e safadesa pra roubar uma bicicleta BMX e desfilar pelas ruas do bairro dizendo que era presente de uma madrinha que ate a mãe dele desconhecia. Farsa durou exatamente uma semana, destruida por uma viatura da policia a sua procura e confiscando a tal BMX, linda por sinal.
Passado o susto voLtamos pra casa sem saber como diriamos pra familia do Billi ,que a poucas semanas havia perdido um irmã num tragico acidente de carro nos eucalipitos que margeavam as curvas de Barbados, que ele se fora tambem.
O trajeto ate nosso bairro tinha um quê de cortejo funebre, se via no rosto de cada um a tristesa e a impotencia de não poder ter feito algo pra salvar nosso heroi maior.
A distancia que nos separava de casa,coisa de uns 7 km, tinha parada obrigatoria numa chacara abandonada repleta de mangueiras,cajueiros,goiabeiras,coqueiros e pes de araças ( uma especie de goiaba na forma e aparencia, mas muito mais gostosa e citrica) conspiravam, floresciam e frutificavam todas na mesma epoca ou seja nas nossa ferias de verão.
Colhemos o suficiente pra divisao, logicamente os menorzinhos escolhiam primeiro, ja que a fome era saciada por meia duzia de mangas e araças cada , o restante os mais velhos detonavam.
O silencio era tão grande que viamos o fantasma do Billi correndo, brincando subindo nos coqueiros ...
O choro era farto e so foi sufocado e cessado por uma saravaida de pedras sob nossas cabeças. Ninguem entendeu nada. O susto e o medo nos fez sair correndo morro acima ate chegar a estrada principal, bufando sem ar. E pra supresa geral e alegria quem encontramos sentado sob a sombra chupando uma bela manga rosa e na outra mão segurando um pequeno arsenal de pedras?
Ele mesmo. O safado havia conseguido se safar, havia ficado submerso o suficiente pra sair de nosso campo de visão e alcançar a margem oposta do Sta Maria e de la ficou observando nosso choro e desespero. Riu feito um diabrete no paraiso e se mandou pra chacara esperando por nosso retorno.
O safado ria, sua pele alva ficava cada vez mais vermelha,as gargalhadas fluiam em meio a mordidas nas mangas, o caldo rolava por seu queixo ate que um de nos pulou em cima dele. Foi a senha pra um saraivada de socos,cascudos,porradas na boca do estomago que o deixaram dessa vez realmente morto.
A tristesa foi substituida pela vingança. As lagrimas substituidas pelo frenesi de punhos,infanto/pre/adolescentes desferindo golpes na carcaça do sujeito.
Por final ele pediu arrego.
Seguimos nosso caminho e foram algumas semanas ate que ele aparecesse novamente pra jogar bolinha de gude,organizar mais um assalto aos pes de manga do vizinho e outra s diabruras em que era mestre.
E ate hoje o evento nos rende muitas risadas e lembranças legais. E so chover um pouco mais na cidade que nossos instintos infantis viajam rumo as Duas Vendinhas, a imagem da criançada arriscando pescoço pulando das pedras e logico do Billi morrendo e ressucitando a base de pancadas generalizadas.
6 Comments:
Volumequatrianos!
Perdoem a pieguice, mas ha tempos deseja despejar um texto sobre os episodios gostosos da infancia/ pre adolescencia.
E mais um tributo ao Billi que esta vivo por sinal, um camarada que nao envelhece de forma alguma.
Sempre alegre e juvenil. As mesma girias, maneirismos que nao consigo mais ter nem imitar.
Tenho inveja ( saudavel) do jeito bonachao do cara.
Quarenta e cinco anos embalados num alma diabolicamente infantil, enquanto eu,nos todos meninos envelhecidos sob o peso da vida resmungamos ...
Umbelino sera o eterno moleque a assombrar minha velhice com sua alegria alegria, Graças a Deus!!!
A resposta a isso aí é um sorriso estampado no rosto 8:30 da matina, pode? Milagre.
Colatina em pílulas???
maneiro!!!
Vaca a dose e maior.
Tanxs...
Texto do carilho. É nessas horas que eu vejo que não aproveitei tudo da minha infância.
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