Alguém sacou como a Máquina tenta suprimir com cada vez mais ferocidade e sutileza quaisquer manifestações que não estejam total ou parcialmente sujeitas a uma interpretação e a uma manipulação por suas marionetes? Como o discurso da ordem pública adquiriu um caráter tecnicista que não admite o contraponto, o lúdico, a experimentação e o risco dela decorrente?

Falo da matéria de MAIS DE UM BLOCO da 1ª edição do jornal da Tv Gazeta de ontem, dedicada ao desfile dos blocos em Jardim da Penha no domingo. Fico a pensar se algum chefão daquela porcaria não mora por ali e despejou seu desconforto naquela cobertura depreciativa, focada no consumo de drogas, nas brigas e na mijação desenfreada.

Brigas? Um pouco de policiamento resolve.

Consumo de drogas? Qualquer festinha naquele bairro deve bater aquilo.

Mijação? Banheiros públicos em quantidade e qualidade.


Barrar os desfiles ou levá-los a um cercadinho? Cretinice, caretice e fascismo.

Todo evento não passível de submissão está na alça de mira da Máquina.

E estamos falando de uma festa que ocorre uma vez por ano, um dia.


Se eu gostaria que fosse no meu bairro? Não sei, mesmo.

Mas vetá-la, censurá-la e condená-la?

Não.