Massageando o coração com um martelo de aço


Curioso como algumas coisas parecem fáceis quando vistas a partir de uma certa distância (ou de um certo sexo). As minhas poucas amigas (sim, poucas, e isto é algo quase certo no universo masculino) não entendem as minhas hesitações em relação ao "passo adiante" que teria que dar para (tentar) conquistar uma mulher X. Parecem não constatar o óbvio: o insucesso está muito mais próximo quando a iniciativa tem origem no sexo masculino. Vejam, a mulher, quando disposta a arrasar o coração alheio, submete-se a uma probabilidade de recusa muito menor, já que o bicho-homem apresenta-se sempre muito menos disposto a negar qualquer aventura. Em síntese, a mulher sabe: "Ainda que não possa conquistar o coração desse sujeito, o meu corpo ele desejará, e a partir de tal desejo posso pensar em níveis superiores (ele se apaixonará com o tempo, sim!)". O homem, bem, o homem sabe que seu charme e seu tipo físico podem não despertar na mulher o sentimento mínimo do tesão, e daí o coração pagará a fatura da negativa. Daí os cuidados maiores, as mesuras quando tratamos de trilhar a estrada do coração feminino. Daí a dose mastodôntica de insegurança quando da primeira abordagem sincera. Daí o gaguejar. Daí as reações infantis. Daí o gostar sem disfarces e ridículo. Porque sabemos que o risco é muito maior. Que o cálculo mal feito pode nos fazer perder o amor imenso em uma questão de segundos. Que uma segunda chance não nos será dada. Afinal, a mulher sabe de seu poderio, de seu controle claro do jogo. A você, companheiro apaixonado, cabe torcer pela sincronia única de acontecimentos relevantes para ambos os lados, torcer por aquele momento em que as vontades cruzam o espaço e ela acaba por escolher o teu peito como abrigo. E saiba que, nesse momento, Deus (ou algo que a ele se assemelhe) terá jogado os seus números nos dados.