MASSAGEANDO O CORAÇÃO COM UM MARTELO DE AÇO II*
*Para ler no térreo de seu prédio ou no 1º andar.
Peço a sua atenção. Sim, isso, a sua atenção. Você que está aí nesse canto e com as mãos sobre o peito. Aquela dor não vai embora, não é? Ela está lá quando tomas banho, comes e mesmo quando dormes. Ela possui um nome, um sobrenome, um endereço, uma altura, um peso e um sorriso que apenas tu podes enxergar. Saia um pouco daí e se aproxime. Puxe o banquinho de madeira e ouça um pouco. Vou te falar desse sangramento e dessa angústia. Vou te falar da minha dor e da sua. Vou te falar dessa dor que corre o mundo e pousa simultaneamente aqui e acolá. Essa dor que possui um nome, um sobrenome, um endereço, uma altura, um peso e um sorriso que apenas tu podes enxergar.
O interesse desperta de seu sono
O processo de entrega de tua respiração – vida, pois – a ela teve o seu despertar quando a conheceste? Ali, na imensidão de nenhuma espera? Naquele momento em que não procuravas ninguém e a viste? Isso não me importa. O momento em que se dá a Queda não me importa. Quero as tuas razões para que ela tenha se dado: o primeiro não-olhar dela, a primeira resposta (ou a segunda ou a terceira ou...), o olá ou o até logo envergonhado, o toque no braço e o sinal do primeiro abraço, a negação, o desespero e a aceitação repentina, a amizade frágil e a espera sem consumação, o relógio parado e o encontro fortuito – toda a soma daqueles fragmentos que constituem a promessa de um amor ou quase amor.
Como te apaixonastes por ela? E por quê?
A ancoragem no Porto da Dor
Aqui já sabes que a ama. Como reages? A primeira incerteza que te imobiliza está no que se passa no peito dela. Deves arriscar todas as fichas e uma saída prematura de seu círculo? Deves temer o que sentes? Deves levar a amizade agora poderosa a um estágio de amizade moribunda por conta de teu segredo a ela revelado? Teu verbo é teu nirvana e é teu caixão.
Vais cruzar a rua e dizer a ela?
A amizade está presa ao vosso chão como uma pedra milenar a um solo de catacumbas. Tua opção de abrir o teu peito e entregar as vísceras e a alma a ela atinge a dimensão de um grão de arroz nas mãos de um gigante. Estás preso a uma amizade que é cara para ti e para ela. Quando os pouquíssimos amigos teus que disso sabem te aconselham a dizer a ela o que sentes... Bem, sentes que essa possibilidade te foge como um pequeno e esguio gato. Ela não é menos tua agora quanto (o) foi anos/meses atrás.
Sufocas a amizade pelo amor aberto ou pela recusa a ele?
O amor lançado sobre a mesa cai no vazio
Ela sabe; tu o disseste. E dela vem o gesto assassino, cru, esmagador: a compreensão de tua dor e a oferta de abrigo pela maciez de sua mão em teu rosto – a mão em teu rosto como símbolo inequívoco do fracasso de tua proposta. Sentes então algo a pesar sobre teu peito e descobres pelo tato o objeto de teu medo e imagem de tua sina: um martelo de aço que possui um nome, um sobrenome, um endereço, uma altura, um peso e um sorriso que apenas tu podes enxergar.
*Para ler no térreo de seu prédio ou no 1º andar.
Peço a sua atenção. Sim, isso, a sua atenção. Você que está aí nesse canto e com as mãos sobre o peito. Aquela dor não vai embora, não é? Ela está lá quando tomas banho, comes e mesmo quando dormes. Ela possui um nome, um sobrenome, um endereço, uma altura, um peso e um sorriso que apenas tu podes enxergar. Saia um pouco daí e se aproxime. Puxe o banquinho de madeira e ouça um pouco. Vou te falar desse sangramento e dessa angústia. Vou te falar da minha dor e da sua. Vou te falar dessa dor que corre o mundo e pousa simultaneamente aqui e acolá. Essa dor que possui um nome, um sobrenome, um endereço, uma altura, um peso e um sorriso que apenas tu podes enxergar.
O interesse desperta de seu sono
O processo de entrega de tua respiração – vida, pois – a ela teve o seu despertar quando a conheceste? Ali, na imensidão de nenhuma espera? Naquele momento em que não procuravas ninguém e a viste? Isso não me importa. O momento em que se dá a Queda não me importa. Quero as tuas razões para que ela tenha se dado: o primeiro não-olhar dela, a primeira resposta (ou a segunda ou a terceira ou...), o olá ou o até logo envergonhado, o toque no braço e o sinal do primeiro abraço, a negação, o desespero e a aceitação repentina, a amizade frágil e a espera sem consumação, o relógio parado e o encontro fortuito – toda a soma daqueles fragmentos que constituem a promessa de um amor ou quase amor.
Como te apaixonastes por ela? E por quê?
A ancoragem no Porto da Dor
Aqui já sabes que a ama. Como reages? A primeira incerteza que te imobiliza está no que se passa no peito dela. Deves arriscar todas as fichas e uma saída prematura de seu círculo? Deves temer o que sentes? Deves levar a amizade agora poderosa a um estágio de amizade moribunda por conta de teu segredo a ela revelado? Teu verbo é teu nirvana e é teu caixão.
Vais cruzar a rua e dizer a ela?
A amizade está presa ao vosso chão como uma pedra milenar a um solo de catacumbas. Tua opção de abrir o teu peito e entregar as vísceras e a alma a ela atinge a dimensão de um grão de arroz nas mãos de um gigante. Estás preso a uma amizade que é cara para ti e para ela. Quando os pouquíssimos amigos teus que disso sabem te aconselham a dizer a ela o que sentes... Bem, sentes que essa possibilidade te foge como um pequeno e esguio gato. Ela não é menos tua agora quanto (o) foi anos/meses atrás.
Sufocas a amizade pelo amor aberto ou pela recusa a ele?
O amor lançado sobre a mesa cai no vazio
Ela sabe; tu o disseste. E dela vem o gesto assassino, cru, esmagador: a compreensão de tua dor e a oferta de abrigo pela maciez de sua mão em teu rosto – a mão em teu rosto como símbolo inequívoco do fracasso de tua proposta. Sentes então algo a pesar sobre teu peito e descobres pelo tato o objeto de teu medo e imagem de tua sina: um martelo de aço que possui um nome, um sobrenome, um endereço, uma altura, um peso e um sorriso que apenas tu podes enxergar.
1 Comments:
Lacaio vc também é um poeta do "mal do século" assim como Alvares de Azevedo?
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