Tente imaginar, caro leitor, o Centro do Rio sem a Avenida Presidente Vargas. Difícil, não? Pois não seria assim tão complicado se você passasse uma tarde dessas pela esquina da Rua da Conceição com a Travessa Júlia Lopes, a uns cem metros da árida avenida. Ali resiste há quase um século um bar com a essência do velho Centro. Aquele de estreitas ruas de pedra e cavalheiros de chapéu.
O Café Rio Paiva, ou apenas Bar do Jóia, mantém a aparência e o serviço muito próximos aos do dia em que foi inaugurado, em 1909. O atual dono, Joaquim Nunes - o seu Jóia, de 81 anos, filho do fundador - herdou do pai o gosto pelo atendimento informal e pela conversa íntima com os fregueses. Tanto os de copo quanto os de prato, aprecidores da comida caseira e barata, servida sempre ao som de música clássica, marca registrada do lugar.
A música, que por décadas ecoou de um rádio movido a válvula, hoje vem de um aparelho de CD. Mas pára por aí a modernidade no Bar do Jóia. Nas paredes de azulejo surradas pelo tempo, anúncios luminosos de bebida que remontam aos anos 50 convivem com cartazes de filmes nacionais e pôsteres de mulheres nuas, igualmente amarelados pelos anos. Todo o mobiliário também lembra o passado: a geladeira de madeira, o balcão de mármore, o São Jorge sobre a estante espelhada e os escudos do Botafogo, velha paixão de seu Jóia.
A visão dos escudos, aliás, me fez lembrar o hino do Glorioso, que canta os campeonatos ganhos "desde 1910". Não foi difícil, então, imaginar o primeiro título do clube sendo comemorado ali, no bar recém-inaugurado, por vetustos cavalheiros de chapéu. Num tempo em que não havia a Presidente Vargas.
Por Juarez Becoza
3 Comments:
Cara, como isso faz falta aqui.
aí, próximo rock no rio, compromisso marcado no bar do jóia!!!!
Hehehehehe, com certeza, buaiz e paulim!!
E vou postar um bar carioca por dia aqui.
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