Transcendental?... Não!... O mais do mesmo.
Raiva, desespero, sofrimento e sede de morte, o filme “Last days”, de Gus Van Sant (Gênio Indomável e Elephant), consegue ser, ao mesmo tempo, chato e pretensioso. Sua temática é inspirada nos últimos dias de Kurt Cobain e faz referência ao poeta esquisito inglês William Blake, porém, sem seus ideais libertários e visões de anjo. Muito pelo contrário, o personagem central, interpretado por Michael Pitt é alienado e introspectivo. As suas visões são estereótipos da “Divina comédia” e seu mundo doentio como uma civilização empesteada. A falta de diálogos e ritmo lento leva o espectador a essa sensação. É nítida a intenção sacra e poética do silêncio habitada no filme, que o coloca numa ambientação próxima do documental e é essa falsa idéia que o torna enfadonho e afetado feito um tique nervoso de um dependente químico alucinado.
O apelo religioso, a mansão em ruínas imitando um castelo medieval, bem que lembram as ilustrações de Willian Blake e o período em que vivia Dante. O clima e as cores são totalmente europeus, ou uma Seattle recortada no imaginário místico de uma América solitária e depressiva que se amplifica com as visitas dos jovens mórmons, que transmitem no olhar medo, curiosidade e vontade se serem devorados e a aparição de um vendedor de anúncios nas páginas amarelas da lista telefônica frio, calculista, utilitarista e pragmático. De alguma forma é um raios-X no seio do estilo de vida norte americano: o imaculado trágico abismo de languidez, solidão, desespero e abuso de drogas, de um povo que impotentemente domina o mundo. Tanto que a The New York Times o aclamou como o melhor filme do ano.
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5 Comments:
Eu sei que ele é de 2005, mas eu só assisti hoje.
Não gostei. Altera a realidade, embora bem dirigido pelo realizador o argumento é péssimo.
não fosse o "mesmo tempo, chato e pretensioso" no começo do texto, eu diria que sua resenha foi elogiosa.
o filme me pareceu uma repetição de idéias de "elephant" focando num personagem e valorizando o silêncio.
a questão de realidade pouco iporta, é um personagem com semelhanças físicas forçadas a kurt. possivelmente assim também era sua abalada mente nos dias que antecederam sua morte, no entanto o filme consegue o objetivo de prender o espectador por mais "chato" que seja.
considero um bom filme.
Também gostei. Ótima fotografia e cenografia, muito boa direção e interpretação. Nada comum em termos de mercado americano, e se exige um pouco mais de esforço e aenção do telespectador, considero isso qualidade e não defeito. Os que gostam de filme já pronto e embalado provavelmente vão achar um saco.
bela resenha e fico aqui na expectativa de assistí-lo.
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