Discos da semana
Após pular o abismo (e não nele) e à tentativa de me jogarem numa vala comum, resolvi ouvir alguns sons que julguei propícios ao momento:
É a diversão em estado bruto! Poison Ivy (guitarra) e Lux Interior (vocal) nasceram um para o outro e pregam pela cartilha do bom e velho (velhíssimo!) rock and roll à base de muito rockabilly, surf music, psicodelia de garagem e terror B – e que acabaram por parir uma mistura auto-intitulada de psychobilly. Surgidos na mesma época que os Ramones, o The Cramps não nega fogo até hoje, vide o seu último lançamento, “Fiends of Dope Island” (2003). Pois bem, em plena era grunge, o casal lançou o fantástico “Look Mom No Head!”, que figura facilmente entre os seus melhores discos. Mais pesado que o normal e - desde “Stay Sick” (1989) – contando com um baixo animalescamente distorcido, o álbum flui como uma festa sem limites, evocando à dança desenfreada da Igreja Sagrada de Elvis & Carl Perkins (“Dames, Booze, Chains and Boots”, “Blow Up Your Mind”, Bend Over I’ll Drive”, “Don’t Get Funny With Me”, “Jelly Roll Rock”), ao rock and roll imundo (“I Wanna Get Your Pants”, “Alligator Stomp”) e ao blues cara-de-pau (“Hard Workin’ Man”, Strangeness In Me”). Porém, mudanças sutis na sua fórmula musical mastodôntica são notadas nos psychobillies de verve mais moderna e pesadona em “Two Headed Sex Change”, “Eyeball My Martini”, “Hipsville 29 B.C.” e “Wilder Wilder Faster Faster” (que, por sinal, é o título de um clássico do cinema terror B). E ainda convidam um de seus ídolos, Iggy Pop em carne, osso e pelancas saradas, para cantar junto o safadíssimo Blues da Minissaia (“Miniskirt Blues”). Este disco rende festa à noite inteira!
Filhote direto do casal psicopata dos Cramps, Jon Spencer e o seu Blues Explosion também empurram a paternidade de sua anarquia sonora para bluesmens-de-encruzilhada e muito riff chupado de Keith Richards (Caio, corrija-me se estiver errado!). A fórmula de duas guitarras, bateria e sem baixo o próprio Cramps divulgou ao mundo trinta anos antes. Mas o Spencer aqui resolveu inviabilizar as coisas um pouco mais, podendo levar tanto à irritação profunda quanto à bebedeira desmamada – de acordo com a forma como este esporro bandalheiro for cutucar com os seus neurônios. Conheci esta sinfonia de ruído e diversão através de comentários provenientes de indies equivocados há meia dúzia de anos atrás - afinal de contas, esta facção antenada sempre faz questão de apontar as novidades a serem incensadas, ainda que o JSBE produzisse barulho desde os anos 80! Bicho, este som ofende os hypes e definitivamente não é para ouvidos sensíveis!
Malditos sejam os hypes! Mas de vez em quando os mesmos jogam luz em gente boa e sem frescuras, como foi o caso mais recente do excelente Wolfmother. Aí fico imaginando o caçador-de-hypes-de-internet-da-última-semana começando a gostar de rockão direto na cara - tal qual o discaço aí do Atomic Bitchwax - e, por tabela, passasse a ouvir stoner rock da melhor estirpe e os seus respectivos inspiradores setentistas. Imaginem o indie moderno e coloridamente vestido começando a deixar crescer uma barba grande e suja, tomando gosto por bebidas mais fortes tipo Jack Daniel’s, largando de lado a pose e a dancinha de hits de cacoetes oitentistas e se jogando numa roda de mosh de um show de rock num moquifo precário e abafado qualquer... Não!!!! Isso não corre o risco de acontecer, hahahahaha!!! Não é à toa que os mesmos adoradores-de-hype já largaram de mão do Queens of The Stone Age e do Kings of Leon. Mas, se algum desavisado aí de cabelo cuidadosamente despenteado resolver ir além do hype do momento em torno do já citado Wolfmother, pode ouvir sem medo o stoner rock energético e muito bem tocado deste disco do Atomic Bitchwax, que convida tanto a uma pisada a fundo no acelerador quanto a uma trip num quarto esfumaçado.
*Eu tive o primeiro estalo a favor do stoner rock há uns 11 anos atrás, ao ouvir o disco “Welcome to the Sky Valley”, do Kyuss. E só gostei desta banda por já ter conhecido e pirado no Black Sabbath (a primeira banda de classic rock que realmente tocou no meu coração) alguns anos antes. Acho que fiz as coisas na ordem cronológica certa, dada a minha idade, mesmo que involuntariamente. O que mais me agrada no stoner rock é a sua capacidade de se manter imutável aos hypes, de reverenciar tão nobremente o passado, e de oferecer atualmente um vasto terreno de sons animalescamente maravilhosos ao fã de última hora do Wolfmother.
É a diversão em estado bruto! Poison Ivy (guitarra) e Lux Interior (vocal) nasceram um para o outro e pregam pela cartilha do bom e velho (velhíssimo!) rock and roll à base de muito rockabilly, surf music, psicodelia de garagem e terror B – e que acabaram por parir uma mistura auto-intitulada de psychobilly. Surgidos na mesma época que os Ramones, o The Cramps não nega fogo até hoje, vide o seu último lançamento, “Fiends of Dope Island” (2003). Pois bem, em plena era grunge, o casal lançou o fantástico “Look Mom No Head!”, que figura facilmente entre os seus melhores discos. Mais pesado que o normal e - desde “Stay Sick” (1989) – contando com um baixo animalescamente distorcido, o álbum flui como uma festa sem limites, evocando à dança desenfreada da Igreja Sagrada de Elvis & Carl Perkins (“Dames, Booze, Chains and Boots”, “Blow Up Your Mind”, Bend Over I’ll Drive”, “Don’t Get Funny With Me”, “Jelly Roll Rock”), ao rock and roll imundo (“I Wanna Get Your Pants”, “Alligator Stomp”) e ao blues cara-de-pau (“Hard Workin’ Man”, Strangeness In Me”). Porém, mudanças sutis na sua fórmula musical mastodôntica são notadas nos psychobillies de verve mais moderna e pesadona em “Two Headed Sex Change”, “Eyeball My Martini”, “Hipsville 29 B.C.” e “Wilder Wilder Faster Faster” (que, por sinal, é o título de um clássico do cinema terror B). E ainda convidam um de seus ídolos, Iggy Pop em carne, osso e pelancas saradas, para cantar junto o safadíssimo Blues da Minissaia (“Miniskirt Blues”). Este disco rende festa à noite inteira!
Filhote direto do casal psicopata dos Cramps, Jon Spencer e o seu Blues Explosion também empurram a paternidade de sua anarquia sonora para bluesmens-de-encruzilhada e muito riff chupado de Keith Richards (Caio, corrija-me se estiver errado!). A fórmula de duas guitarras, bateria e sem baixo o próprio Cramps divulgou ao mundo trinta anos antes. Mas o Spencer aqui resolveu inviabilizar as coisas um pouco mais, podendo levar tanto à irritação profunda quanto à bebedeira desmamada – de acordo com a forma como este esporro bandalheiro for cutucar com os seus neurônios. Conheci esta sinfonia de ruído e diversão através de comentários provenientes de indies equivocados há meia dúzia de anos atrás - afinal de contas, esta facção antenada sempre faz questão de apontar as novidades a serem incensadas, ainda que o JSBE produzisse barulho desde os anos 80! Bicho, este som ofende os hypes e definitivamente não é para ouvidos sensíveis!
Malditos sejam os hypes! Mas de vez em quando os mesmos jogam luz em gente boa e sem frescuras, como foi o caso mais recente do excelente Wolfmother. Aí fico imaginando o caçador-de-hypes-de-internet-da-última-semana começando a gostar de rockão direto na cara - tal qual o discaço aí do Atomic Bitchwax - e, por tabela, passasse a ouvir stoner rock da melhor estirpe e os seus respectivos inspiradores setentistas. Imaginem o indie moderno e coloridamente vestido começando a deixar crescer uma barba grande e suja, tomando gosto por bebidas mais fortes tipo Jack Daniel’s, largando de lado a pose e a dancinha de hits de cacoetes oitentistas e se jogando numa roda de mosh de um show de rock num moquifo precário e abafado qualquer... Não!!!! Isso não corre o risco de acontecer, hahahahaha!!! Não é à toa que os mesmos adoradores-de-hype já largaram de mão do Queens of The Stone Age e do Kings of Leon. Mas, se algum desavisado aí de cabelo cuidadosamente despenteado resolver ir além do hype do momento em torno do já citado Wolfmother, pode ouvir sem medo o stoner rock energético e muito bem tocado deste disco do Atomic Bitchwax, que convida tanto a uma pisada a fundo no acelerador quanto a uma trip num quarto esfumaçado.
*Eu tive o primeiro estalo a favor do stoner rock há uns 11 anos atrás, ao ouvir o disco “Welcome to the Sky Valley”, do Kyuss. E só gostei desta banda por já ter conhecido e pirado no Black Sabbath (a primeira banda de classic rock que realmente tocou no meu coração) alguns anos antes. Acho que fiz as coisas na ordem cronológica certa, dada a minha idade, mesmo que involuntariamente. O que mais me agrada no stoner rock é a sua capacidade de se manter imutável aos hypes, de reverenciar tão nobremente o passado, e de oferecer atualmente um vasto terreno de sons animalescamente maravilhosos ao fã de última hora do Wolfmother.
9 Comments:
esse jon spencer é muito foda mesmo. muito barulho e riffs dançantes.
você acabou de descrever aquela seqüência de som que rolou no Escritório: Cramps, JSBE e Kyuss!!!
Só rock n' roll "quebratudo".
Mentor, juro que não foi planejado isso. deve ter ficado no meu sub-consciente, hehehehehe...
nada melhor do que um bom e velho rock and roll em determinados momentos. a raiva pode produzir algo positivo quando vc a direciona da maneira correta.
tava com saudade destes posts aqui no vol.4. muito bom! ótimas bandas por sinal.
Todos copiam o keith richards. Ou então o gimi peigi.
Bicho, o Cramps, pelo menos, não tem nada de Keith Richards.
***
no mais, amanhã é meu último dia assíduo na internet. depois disso, estarei forçado novamente a aparecer na web esporadicamente.
até sabe lá quando!
valeu!
NADA DO KEITH RICHARDS?? Isso só prova que vc conhece Cramps mas não conhece MESMO Stones, hahahaha!!!
Sai fora, Kalunga!!!!
"O Cramps não existiria sem grupos como o Stones e o Stooges. Tudo que eu queria era cantar como Iggy Pop e tudo que Poison Ivy queria era tocar como Keith Richards ou Brian Jones. E acho que conseguimos, de certa forma."
Sai fora, Kalunga!!!!
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
tô saindo fora lacaio, pode deixar...
Postar um comentário