PEQUENOS CLÁSSICOS
THERAPY? - "TROUBLEGUM"
Os anos 90 foram pródigos em dar crias a bandas que hoje soariam totalmente deslocadas. Analisem o caso do grupo norte-irlandês Therapy? e seu disco de 1994. Eles vomitaram no latão de lixo de “Troublegum” (vejam a capa!) muito pós-punk (Killing Joke e PIL à frente), o grunge do momento (Nirvana, Soundgarden), o metal daqueles tempos (Helmet, Prong), algo de industrial (alguns vocais distorcidos estilo Ministry) e até mesmo gothic rock (Joy Division) e indie rock (tipo Sonic Youth). Entre riffs rascantes, melodias ora tensas ora depressivas, e canções que grudavam na mente momentaneamente, o tal “Troublegum” se configurou num “pequeno clássico” daqueles tempos. Começam enfezado com “Knives”, rápida, urgente e arrasadora. Lançam refrões certeiros em “Hellbelly”, “Screamager” e “Turn”. Coverizam dignamente o Joy Division em “Isolation” (dez anos antes do hype em torno do espectro de Ian Curtis) e honram suas raízes góticas em “Knowhere” (com solo de guitarra de Page Hamilton, do Helmet!) e “Lunacy Booth”. E ainda encontram tempo para tascarem um plágio de Metallica no riff da proto-metal “Trigger Inside” – por sinal, o grande hit deste disco. Sinceramente, este álbum do Therapy? é uma montanha russa de emoções, bem de acordo com aqueles tempos. Este trio de Belfast já vinha prometendo no álbum anterior (“Nurse”, mais sombrio e com ecos de dub!) e mandou bem no disco seguinte (“Infernal Love”). Depois disso perderam o rumo, tal qual a maioria dos artistas citados neste texto como referências. Se você viveu intensamente aqueles tempos, “Troublegum” honrou seus sentimentos.
*Eu digo que o Therapy? de “Troublegum” soaria totalmente deslocado entre as “cenas” atuais por diversos motivos: a maioria de seus riffs de guitarra soariam metal demais para os indies – na verdade, qualquer banda que arrisque uma distorção ou um solo a mais os indies pulam fora. O pessoal do metal os consideraria até “emo”em contraste com a agressividade que povoa a sonoridade das bandas metaleiras mais atuais. Os “grunges perdidos” de hoje provavelmente só se atêm aos “clássicos” intocáveis (Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden, AIC). Agora, se você quer ouvir um disco bacana sem se prender a rótulos e cenas específicas, vá fundo em “Troublegum”.
4 Comments:
bom, eu boto fé nos três discos do Therapy? que citei no post. os demais vc até acha perdidos num martini da vida, mas são meia-boca.
este disquinho aí marcou época!
Esse é um daqueles álbuns que não perderam a graça até os dias de hoje. Perfeito do início ao fim, pena que depois... bem, não me agradaram mais, hehehe (ainda que eu ache que daria uma boa coletânea numa fitinha TDK de 60 minutos - Ten Year PLan é uma baita música afudê!).
conheço muito pouco da banda, mas vou procurar escutar mais!
valeu a dica man, e belo texto, como sempre!
conheço umas 5 músicas dos caras!
abraços.
Estou com o Alcio.
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