Complementando...
Esse post foi publicado no meu blog no dia 16 de outubro. Como disse nos comentários do tópico da eMpTVy, ele "complementa" o assunto no quesito "escolhas e 'revolução'". Ou não....
Algumas semanas atrás, estava conversando com o Duda (guita e vocal da SonicVolt, para quem não ainda não teve o colossal prazer de conhecer) sobre aquelas bandas que "revolucionaram" (as aspas servem para o entendimento "para o bem ou para o mal") a música em eras sem internet.
Lembram-se dos anos 80/90? Fãs de estilos ficavam órfãos durante anos a fio, esperando pela salvação, que vinha pelas mãos de um Guns'N'Roses, Faith No More, ou Nirvana, para citar alguns exemplos. Até então, a música toda se voltava para o estilo em voga.
Sabíamos que uma grande banda surgiria, mais cedo ou mais tarde, e enterraria sem cerimônia o padrão. Foi assim com os já citados, e foi assim com várias outras no passado.
Mais recentemente, nenhuma banda realmente se destacou a ponto de ser lembrada para o futuro como um novo paradigma musical. Alguns podem até citar Prodigy, Radiohead ou, até, QOTSA... exageros à parte ao meu ver, pois o Prodigy, p. ex., foi importante naquele momento, mas não soube manter a sua aura, o Radiohead é cerebral (ou chato, para alguns) demais e o QOTSA foi uma tentativa, chegando até a ser rotulado de "o novo Nirvana" (aliás... esses "novos-alguma-coisa"... faça-me o favor sr. Crítico) por uma revista nacional...
Não duvido da importância dessas últimas, sendo que, no meu caso, me interessa o QOTSA (apesar de ultimamente até ter ouvido alguma coisa do Rádiocabeça e láááá longe ter achado interessante), mas sei que eles não são uma banda "salvadora".
Então, o que fazer a respeito disso?
Pois bem, voltando então, percebemos como hoje em dia não somos mais órfãos dos estilos que nos agradam. A internet fez o favor de trazer todos para o seu lado, a hora que você quiser, sem ter que se preocupar com revistas, regras de críticos e taxas de importação. Ou será que você sente falta de ouvir o que te agrada? Temos aí My Space, You Tube, sites oficiais melhorados e tecnologia o bastante para te deixar com todo o material de uma banda em questão de horas!
Não acho que uma nova banda revolucionará como aquelas de outrora. Até porque não sofremos mais da falta de informação de novidades e obscuridades. Em contrapartida, nunca a música esteve tão banalizada... aquele tratamento digno de tesouros que dávamos a discos piratas e importados nos anos 80, hoje não passa de uma história que o vovô conta sempre nos almoços de domingo. Temos uma quantidade tão grande de informação que absolutamente tudo pode passar pelos nossos dedos sem que percebamos. Alguém deve estar ganhando dinheiro com isso... sem dúvida...
Do velho conhecido modus operandi das coisas, temos um mainstream caduco e turrão lutando desesperadamente contra o fim de seu reinado. Por outro lado, temos uma cena independente cada vez mais livre do "grande esquema", mas se prendendo cada vez mais em suas próprias regras, dogmas e clubes fechados.
Será que ainda reconheceremos uma grande banda, inovadora e única? Será que teremos condições de encontrar o Graal, mesmo que ele seja posto em nossas mãos? O excesso nos tornou cínicos e pseudocelebridades, enclausuradas em nosso próprio mundo. Nunca estive tão musicalmente bem servido como nos útlimos anos, em compensação, nunca estive tão descrente na música como arte como nos últimos tempos...
Algumas semanas atrás, estava conversando com o Duda (guita e vocal da SonicVolt, para quem não ainda não teve o colossal prazer de conhecer) sobre aquelas bandas que "revolucionaram" (as aspas servem para o entendimento "para o bem ou para o mal") a música em eras sem internet.
Lembram-se dos anos 80/90? Fãs de estilos ficavam órfãos durante anos a fio, esperando pela salvação, que vinha pelas mãos de um Guns'N'Roses, Faith No More, ou Nirvana, para citar alguns exemplos. Até então, a música toda se voltava para o estilo em voga.
Sabíamos que uma grande banda surgiria, mais cedo ou mais tarde, e enterraria sem cerimônia o padrão. Foi assim com os já citados, e foi assim com várias outras no passado.
Mais recentemente, nenhuma banda realmente se destacou a ponto de ser lembrada para o futuro como um novo paradigma musical. Alguns podem até citar Prodigy, Radiohead ou, até, QOTSA... exageros à parte ao meu ver, pois o Prodigy, p. ex., foi importante naquele momento, mas não soube manter a sua aura, o Radiohead é cerebral (ou chato, para alguns) demais e o QOTSA foi uma tentativa, chegando até a ser rotulado de "o novo Nirvana" (aliás... esses "novos-alguma-coisa"... faça-me o favor sr. Crítico) por uma revista nacional...
Não duvido da importância dessas últimas, sendo que, no meu caso, me interessa o QOTSA (apesar de ultimamente até ter ouvido alguma coisa do Rádiocabeça e láááá longe ter achado interessante), mas sei que eles não são uma banda "salvadora".
Então, o que fazer a respeito disso?
Pois bem, voltando então, percebemos como hoje em dia não somos mais órfãos dos estilos que nos agradam. A internet fez o favor de trazer todos para o seu lado, a hora que você quiser, sem ter que se preocupar com revistas, regras de críticos e taxas de importação. Ou será que você sente falta de ouvir o que te agrada? Temos aí My Space, You Tube, sites oficiais melhorados e tecnologia o bastante para te deixar com todo o material de uma banda em questão de horas!
Não acho que uma nova banda revolucionará como aquelas de outrora. Até porque não sofremos mais da falta de informação de novidades e obscuridades. Em contrapartida, nunca a música esteve tão banalizada... aquele tratamento digno de tesouros que dávamos a discos piratas e importados nos anos 80, hoje não passa de uma história que o vovô conta sempre nos almoços de domingo. Temos uma quantidade tão grande de informação que absolutamente tudo pode passar pelos nossos dedos sem que percebamos. Alguém deve estar ganhando dinheiro com isso... sem dúvida...
Do velho conhecido modus operandi das coisas, temos um mainstream caduco e turrão lutando desesperadamente contra o fim de seu reinado. Por outro lado, temos uma cena independente cada vez mais livre do "grande esquema", mas se prendendo cada vez mais em suas próprias regras, dogmas e clubes fechados.
Será que ainda reconheceremos uma grande banda, inovadora e única? Será que teremos condições de encontrar o Graal, mesmo que ele seja posto em nossas mãos? O excesso nos tornou cínicos e pseudocelebridades, enclausuradas em nosso próprio mundo. Nunca estive tão musicalmente bem servido como nos útlimos anos, em compensação, nunca estive tão descrente na música como arte como nos últimos tempos...
14 Comments:
Só de uma coisa tenho absoluta certeza: nossa relação com a música não é mais a mesma, como você disse. E não sei se mudou pra melhor.
Em contrapartida, nunca a música esteve tão banalizada... aquele tratamento digno de tesouros que dávamos a discos piratas e importados nos anos 80, hoje não passa de uma história que o vovô conta sempre nos almoços de domingo + o comentário do marz: é por aí mesmo!
excelente discussão!
eu acrescento algo mais: o prazo de validade das tais "novidades" ou "banda salvadora do rock-do momento" está impressionantemente curto. Vide grupos como The Hives, The Killers, The Strokes, The Darkness (já repararam que é tudo com "the"?), que provocaram estardalhaço em seus primeiros álbuns e depois caíram no esquecimento.
A informação aparece como um raio de tão rápida e se dissipa como fumaça em ventania.
Nunca estive tão musicalmente bem servido como nos útlimos anos, em compensação, nunca estive tão descrente na música como arte como nos últimos tempos...: me encontro exatamente deste mesmo jeito atualmente!
Vou arriscar em dizer que não mudou para melhor, nem pior, apenas mudou... hhehehehhe O que difere é o "romantismo" que temos quanto a um passado glorioso.
eu acredito que se há alguma "revolução" em andamento, ela se enquadra na forma de adquirir informação - a internet propriamente dita. Meio de comunicação que lhe permite seguir seu próprio caminho e não ficar a mercê do que lhe dizem se é bom ou ruim
Isso na teoria, pois na prática a música (especificamente falando) está cada vez mais superficial, e os "donos dos seus próprios narizes" - todos aqueles que têm o poder do mundo no clique de um mouse - seguem exatamente o que lhes é passado sobre "a cena do momento", "a melhor banda do momento", entre outras afirmações irritantes.
Já havia postado aqui semanas atrás sobre uma nova prática de jornalismo que está sendo disseminada por aí: sem paixão, sem apuração, sem dor, sem emoção, somente reciclando o que já fora postado em algum canal de divulgação de informação imediatista.
Não vejo paixão nem entrega nesta geração atual, seja ela de músicos, consumidores de música e divulgadores de música.
como vc mesmo citou no seu post, antes a informação valia outro, era um sacrifício danado pra saber o que se passava lá fora, o que de bom e instigante poderia estar surgindo no momento.
Hoje esta barreira caiu. Qualquer banda atualmente pode postar uma única música e um único vídeo na internet e conseguir projeção mundial. O acesso e a distribuição de informação ficaram mais democráticos. Sábios são aqueles que suaram um tanto pra adquirir a informação e que agora podem fazer bom uso das facilidades da internet.
Pobres daqueles que não viveram certas dificuldades e que já nasceram com tudo em mãos, pois conselho de gerações anteriores hoje são mais enfadonhos e jurássicos pra esta gente do que em outras eras.
Por isso mesmo que enfatizo a extrema utilidade destes bloggs de amigos, pois você absorve a informação mais filtrada e de acordo com o que você conhece do gosto pessoal de cada um.
Quanto aos "críticos" atuais, eu e meu bródi Wilson (do Magazine Indigesto) conversávamos uma vez sobre a tendência atual de não se "resenhar" mais, ou não tecer um comentário que seja sem querer dar uma de "wise-ass" ou que a coisa tome uma dimensão de defesa de monografia...
Chegamos a uma frase que define os caras, são sujeitos que escrevem que o som da banda é uma "faísca pós-moderna de idiossincrassia pop"... ou seja... falou difícil, falou bonito, mas não falou picas... hehehehe
Tem uma Bizz que trouxe umas frases geniais quando um cara foi falar da tal "New Weird America" (um balaio de gatos rotular que coube todo mundo). Vou ver se acho a revista e depois coloco aqui as frases colossais do cabeção.
Achei a revista!
É a Bizz com o Axl Pose na capa.
Saquem só:
A tal "new weird america" dizem que reúne Black Mountain, Drunk Horse, Kinski, Dead Meadow, Pelican, etcs.. Entre descrições errôneas do som das bandas e suas músicas e viagens pseudo-intelectuais, o cara largou:
"sinestesia"
"jazzy-stoner-terminal" (para uma música do Drunk Horse que é ROCK puro, e só... aliás, ele disse que a música tem 12 minutos, mas nenhuma música dos caras tem essa duração... enfim...)
"pintar obnubiladas paisagens em 3D à custa de uma (con)fusão de Black Sabbath(...) e motorik-rock"
"beatificada metaformose aural"
Essa é minha preferida: "nos faz beijar os céus à custa de riffs antediluvianos, emanações narcóticas e uma névoa púrpura na qual coalescem texturas (...), meditativos drones(...), mas não transcende o onirismo monolítico do prévio *nome do álbum*"
"pesadelos em tecnicolor"
"abrasivos freak-outs"
How 'bout that?!
Mas tem gente bacana agindo nas entrelinhas. A superfício está rota. Catando feijão a gente chega lá.
nem paciência de escutar coisas novas estou tendo direito...
"Pobres daqueles que não viveram certas dificuldades e que já nasceram com tudo nas mãos...
(...) conselho de gerações anteriores hoje são mais enfadonhos e jurássicos pra esta gente do que em outras eras."
Pois é, cansei dessa prática, de parecer o tiozão chato e professoral. Esses moleques têm informação aos quilos e conhecimento ralo. "Aplicar" canções, bandas? Tô fora. Eles que se virem - ou que se fodam.
"Quanto aos "críticos" atuais, eu e meu bródi Wilson (do Magazine Indigesto) conversávamos uma vez sobre a tendência atual de não se "resenhar" mais, ou não tecer um comentário que seja sem querer dar uma de "wise-ass" ou que a coisa tome uma dimensão de defesa de monografia...
Chegamos a uma frase que define os caras, são sujeitos que escrevem que o som da banda é uma "faísca pós-moderna de idiossincrassia pop"... ou seja... falou difícil, falou bonito, mas não falou picas... hehehehe."
Grande Irmão do Sul, já falamos sobre isso no teu blog - e vc está coberto de razão. As resenhas de hj são imponentes, acadêmicas, cabeçonas - e não dizem nada. Onde estão os críticos como o Ezequiel Neves (Zeca Jagger), o Forastieri e o Alex Antunes? Neguim tinha o verbo sem frescura.
Revista Bizz - taí um papel que aceita qualquer idéia.
informação clonada e reciclada: está aí aos montes na internet, inclusive camuflada de metáforas ridículas como as citadas pelo álcio.
realmente temos que catar feijão pra achar algo que preste.
jornalismo bom-moço é o que manda atualmente, pois todos querem ser seus amigos e tê-los junto0s nos seus perfir de orkut
Também acho que crítico de rock se preocupa mais em falar difícil e inventar termos do que em analisar o produto em sí. Mas confesso que cometo mais ou menos os mesmos erros quendo me meto a escrever sobre algum disco ou banda. Talvez seja influência dessa mesma mídia que tanto lí em minha vida pop.
Por experiência própria, em épocas das saudosa Planeta Stoner (que ainda vai voltar... acho...), lembro-me de ter discussões sobre "a forma de resenhar".
Sempre parti do ponto "música para mim se divide em duas: o que eu gosto e o que eu não gosto" e dentro disso, dissecava os discos e falava sobre as músicas, o que elas podiam lembrar e passar e qual sua vibração, já que o stoner rock não era conhecido e era melhor analisar discos via "comparações" muitas vezes, do que entrar em caminhos tortuosos de elocubrações mentais.
Com o tempo, vai-se refinando a pena, mas a idéia, até hoje para mim, permanece a mesma. Quero que, quem pegue uma "resenha" minha, entenda o que esperar ao rodar o cd ou o mp3. Sem "emanações telúricas de pós-modernismo obnubiloso"... Mas, até aí, cada um, cada um, hehehehe, toda manifestação é arte, de certa forma, e para isso não há fórmula nem regras maiores além de se fazer entender. Conseguindo isso, tudo fica um COLOSSO!! ;)
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