Percebam a expressão do Che, consciente da morte próxima. Sem esmorecer, sem perdões: a consciência da luta, sempre. Não está morto quem não deposita as armas.
1963, Havana, Cuba
- Repórter da BBC: Sr. Ernesto, a revolução cubana é vitoriosa? A crise dos mísseis e a invasão da Baía dos Porcos fortaleceu o regime? O povo americano deve temê-los?
- Che: Nada tenho contro o povo norte-americano, há uma informação descontínua quanto ao povo cubano. A invasão fracassada e a crise dos mísseis diz respeito ao mundo, não apenas aos latino-americanos. Não luto por Cuba, apenas; luto por você, por tua mãe e por teus filhos.
- Repórter da BBC: Sr. Ernesto, o senhor pode afirmar que o socialismo é o único caminho para uma América Latina livre e soberana?
- Che: Não afirmo nada e nada sei. Vejo apenas o sangue derramado de milhares de cidadãos esmagados por um sistema que nada lhes diz, e nada lhes dá. O povo deve temer seu governo, ou o governo deve temer seu povo?
- Repórter da BBC: Há solução fora da luta armada? O sr. imagina algum modo de conciliação com o capital do primeiro mundo?
- Che: a única conciliação possível é aquela em que nossas armas estão no chão - e as armas do Capital em nossas cabeças. Negociar com o senhor dos escravos torna mais digna a escravidão?
- Repórter da BBC: Alguma mensagem em especial? Quais as suas metas como burocrata do governo cubano? As suas armas estão no chão?
- Che: Nunca deitei as minhas armas. Não sou um burocrata e não penso em rendição. Burocracia é rendição. A revolução é permanente. Enquanto houver uma criança faminta, um pai de família sedento, um povo expropriado e um caudilho de calças curtas... Não morrerei atrás de uma mesa com pilhas de papéis. Penso na selva, na luta, nas trilhas. Morro com o dedo no gatilho. Idéias são mais fortes que governos.
P.S.: Che foi preso e executado (1967) na Bolívia pelo exército nacional, assessorado este pela inteligência americana. Não morreu burocrata, não morreu cercado de papéis. Morreu, como disse, com o dedo no gatilho.
O grifo é meu.
10 Comments:
Meu grifo lembra algum filme subversivo recente?
V.
Obrigado Caio. Eu precisava ler isso hoje.
um abraço
preciso ler com mais calma
argentino que lutaria por qualquer país latino-americano, estudo medicina para entender a própria doença(asma), Viva Ernesto Rafael Guevara de la Serna!!!
"me siento tariota de américa latina, de cualquier país de américa latina, en el modo más absoluto, y tal vez, si fuera necesario, estaría dispuesto a dar mi vida por la libertacíon de cualquier país latinoamericano, sin pedir nada a nadie!"
*patriota
o que esperar de um argentino?
varias coiss: garra, vontade, atitude, disposição, luta, dedicação...
entre outras coisas que demoraria anos pra escrever e não haveria caracteres suficientes!
argentina rules!
ual
tem rima!!!
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