Não tenho ouvido praticamente nada, além disso, nos últimos 20 dias. Caixa comprada em meados de 2005 em uma das lojas da rede Laser de Vitória, uma pechincha de 333 reais. Desembalei os disquinhos aos poucos, joguei-os para o alto e catei um a um sem pressa. E desde então redescubro e descubro, em um processo que parece infinito. Chico Buarque nunca me foi estranho, infância que tive adubada musicalmente com grandes porções de MPB. Cheguei aos anos de vida adulta com uma intimidade bastante razoável com a sua obra, mas alguns de seus tijolos ainda aguardavam tributo meu. Tributo que presto com afinco nos últimos dois anos. Chico é um dos raros letristas de música (popular ou não) que observam a sobrevivência de parte considerável de seus textos (uma vez) desacompanhados da canção. Letras que podem ser simplesmente faladas em alta voz, sem constrangimentos e frescuras - fruto da abençoada ausência de academicismos e cabecices várias. Espanta a espontaneidade (quase sempre aparente) de sua prosa poética, tão rara de se apreender por exigir um burilamento de estilo derivado de enorme disciplina criativa. Ser cantarolável e inesquecível pela qualidade do que escreve, está aí algo de exceção. Sem prejuízo do melodista talentosíssimo que é, o Chico letrista enfia as garras curvas na epiderme do ouvinte provocando-lhe a dor da catarse dos amantes profundos, dos malandros de esquina e dos desenraizados de toda espécie. Cá está Chico, pra não sair mais.
quarta-feira, fevereiro 14, 2007
Não tenho ouvido praticamente nada, além disso, nos últimos 20 dias. Caixa comprada em meados de 2005 em uma das lojas da rede Laser de Vitória, uma pechincha de 333 reais. Desembalei os disquinhos aos poucos, joguei-os para o alto e catei um a um sem pressa. E desde então redescubro e descubro, em um processo que parece infinito. Chico Buarque nunca me foi estranho, infância que tive adubada musicalmente com grandes porções de MPB. Cheguei aos anos de vida adulta com uma intimidade bastante razoável com a sua obra, mas alguns de seus tijolos ainda aguardavam tributo meu. Tributo que presto com afinco nos últimos dois anos. Chico é um dos raros letristas de música (popular ou não) que observam a sobrevivência de parte considerável de seus textos (uma vez) desacompanhados da canção. Letras que podem ser simplesmente faladas em alta voz, sem constrangimentos e frescuras - fruto da abençoada ausência de academicismos e cabecices várias. Espanta a espontaneidade (quase sempre aparente) de sua prosa poética, tão rara de se apreender por exigir um burilamento de estilo derivado de enorme disciplina criativa. Ser cantarolável e inesquecível pela qualidade do que escreve, está aí algo de exceção. Sem prejuízo do melodista talentosíssimo que é, o Chico letrista enfia as garras curvas na epiderme do ouvinte provocando-lhe a dor da catarse dos amantes profundos, dos malandros de esquina e dos desenraizados de toda espécie. Cá está Chico, pra não sair mais.
2 Comments:
não tenho a caixa, mas a gente tem tudo ou quase tudo do chico, que eu ouço desde a barriga. eu nunca tinha visto um show do chico, apesar de ser tão fã, até o mês passado, você sabe. fiquei tão emocionada, gostei tanto de tanta coisa que eu nem tinha notado no disco, sabe? bom demais.
(rolou, no meio do show, um sentimento parecido com a dos cinemas: pessoal comendo amendoim, falando da roupa do baixista e rindo, pedindo cerveja ao garçom... foi dando uma agonia e deu vontade de gritar: MEU DEUS, CALEM A BOCA, PAREM DE RESPIRAR! vão roubar o ar dele! hahahahahaha).
mas sabe como é aquela vontade de prestar atenção em tudo, na letra, (re)descobrir coisas... enfim...
você precisa ver o desconstrução, o tal dvd de que eu te falei.
beijão =)
tenho tudo do chico, gostaria muito de ter esta caixa e já bebi chopp com chico!
heheheh
abraço
bruninho.
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