O bode expiatório, esse persistente...
Vou dissecar a amizade e a fidelidade aqui. É triste ver certas coisas sendo jogadas no ventilador e que estavam ali guardadas faz tempo, como se guardadas estivessem na posição de um trunfo. Fico pensando o que significa amar um amigo, ser fiel ao sentimento de amizade, ter para si a lealdade como um dogma. Eu tenho. Podem me acusar de temperamental, explosivo, falador, espalha-merda, perfeccionista, exigente ao extremo, cobrador e o escambau. Assumo tudo isso para mim, sou assim mesmo. E pior. Cheio de imperfeições, arestas e espinhos. Possuo invejas, ressentimentos, remorsos, raivas e desejos de vingança.
Mas sou leal aos meus amigos até a morte. Literalmente até a morte: eu me exponho ao risco por um amigo meu. Brigo por ele. Sangro por ele. Perco por ele. Me machuco por ele.
Mas a fidelidade canina não implica uma fidelidade absolutamente cega. Se um amigo do coração (um irmão) erra, isso tem que ser dito a ele. Se a briga se faz necessária, que venha. Se a discordância é um imperativo, paciência. Se o ataque é exigido, que se realize. O que acho justo vale mais (o que acho, o que não representa necessariamente a justiça). Erro, errei e continuarei errando em minha criticidade. Aponto falhas em outros que possuo aos montes. Mas sou leal, aberto e companheiro de batalhas daqueles que amo. Acusar-me de a ausência disso equivale a uma estaca enfiada em meu peito. Se tiver que brigar com um amigo e posicionar-me a favor de um colega, eu o farei sem nenhuma dor de consciência. Estar com o amigo em uma polêmica em que dar-lhe razão resulta em erro não lhe fará nada bem nem lhe trará nada de positivo. A amizade cobra de seu detentor que este diga aos ventos o que pensa, ainda que isso lhe custe a mágoa momentânea do amigo. Um homem que devota ao seu amigo a cumplicidade absoluta está a cravar em seu peito o punhal da arrogância e do erro. Porque ser amigo reforça em ti a necessidade imperiosa de dizeres o que pensas mesmo que isso lhe custe um bico ou uma cara virada. Estou a tentar consertar cagadas recentes com uma mudança de atitude, e não tenho vergonha nenhuma em admitir falhas passadas. E se tiver que brigar com um amigo de fé por conta disso, brigarei. Ser vidraça custa um tanto que ser pedra sequer arranha. Dar a cara ao tapa apresenta uma fatura pesada. E não tenho vergonha disso.
3 Comments:
Este comentário foi removido pelo autor.
Isso me lembra aquela piada-história com Jesus Cristo (sem qualquer comparação próxima, peloamordeDeus), quando Jesus já morrendo aceita o pedido de aproximação de um gentio que quer lhe falar alguma coisa. O sujeito chega perto e diz baixinho para JC: "Tudo bem, tudo bem, vc pode até estar certo, mas será que vc não podia ficar calado?!"
:-?
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