Na coluna desta semana escrevo sobre um veterano botequim carioca, a Casa Paladino, no centro da cidade. Foi lá que esse colunista, ainda de calças curtas, tomou seus primeiros chopes, em meados do século 20. Como conto na coluna, resolvi escrever sobre o lugar porque, depois de trinta dias distante da mesa de bar, estava saudoso de visitar um bom e tradicional botequim. Foi o que fiz. E qual não foi a minha surpresa ao chegar e descobrir que era o dia do aniversário do Mário, o garçom mais antigo e emblemático do lugar?
Mário, que completou 60 anos na semana passada, começou no Paladino aos 19, em 1965. Trabalhou por lá até a década de 70, saiu, voltou, saiu novamente e voltou de vez em 1990. Não é exagero dizer que o homem tem uma vida inteira de serviços prestados a esse que é um dos bares mais antigos do Rio de Janeiro - e dono de um inimitável cardápio com inspirações ibéricas, onde predominam os sanduíches frios de embutidos, os omeletes "tortillados" e as porções de grãos e enlatados. Além do chope de serpentina única, naturalmente.
No Paladino, Mário divide com outros dois garçons a faina de servir diariamente as cerca de 20 mesas do lugar. E o faz com eficiência e discrição. No dia em que lá estive, dia do seu aniversário, o graçom foi surpeendido pelos fregueses com bolo, velas e muita festa. Morreu de vergonha de virar o centro das atenções, mas não conseguiu esconder a emoção depois de ouvir um discurso carregado de carinho e agradecimento pela sua dedicação à casa. Desarmou-se. E deixou-se fotografar por este colunista, com o bolo na mão e o sorriso - ainda amarelo - no rosto.
Por Juarez Becoza
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