Lacaianas - A Matemática de Caetano
100 milhões de brasileiros conhecem (já ouviram falar de) o Caetano Veloso; 50 milhões conseguem tranquilamente cantarolar trechos de suas canções; 2,5 milhões são capazes ainda de cantar uma ou mais canções suas (dele, Caetano) por inteiro; um milhão possui 5 ou mais de seus discos; 250.000 manjam alguma coisa de suas composições; 50.000 sacam exatamente o que o sujeito quer dizer; 10.000 estabelecem paralelos válidos; 1.000 poderiam travar um papo com ele; 100 seriam seus amigos; desses, 50 bateriam a sua carteira na primeira oportunidade.
100 milhões de brasileiros conhecem (já ouviram falar de) o Caetano Veloso; 50 milhões conseguem tranquilamente cantarolar trechos de suas canções; 2,5 milhões são capazes ainda de cantar uma ou mais canções suas (dele, Caetano) por inteiro; um milhão possui 5 ou mais de seus discos; 250.000 manjam alguma coisa de suas composições; 50.000 sacam exatamente o que o sujeito quer dizer; 10.000 estabelecem paralelos válidos; 1.000 poderiam travar um papo com ele; 100 seriam seus amigos; desses, 50 bateriam a sua carteira na primeira oportunidade.
5 Comments:
O texto - como indica o seu título - é meu mesmo.
Caetano Veloso - O Estrangeiro
( Dm Am )
O pintor Paul Gauguin amou a luz da Baía de Guanabara
O compositor Cole Porter adorou as luzes na noite
dela
A Baía de Guanabara
O antropólogo Claude Levy-Strauss detestou a Baía de
Guanabara:
Pareceu-lhe uma boca banguela.
E eu menos a conhecera mais a amara?
Sou cego de tanto vê-la, te tanto tê-la estrela
O que é uma coisa bela?
F Dº
O amor é cego
Gm C7
Ray Charles é cego
Cm F7
Stevie Wonder é cego
Bbm7 D7/9
E o albino Hermeto não enxerga mesmo muito bem
( Dm Am )
Uma baleia, uma telenovela, um alaúde, um trem?
Uma arara?
Mas era ao mesmo tempo bela e banguela a Guanabara
Em que se passara passa passará o raro pesadelo
Que aqui começo a construir sempre buscando o belo e o
amaro
Eu não sonhei :
A praia de Botafogo era uma esteira rolante de areia
branca e de óleo diesel
Sob meus tênis
E o Pão de Açucar menos óbvio possível
À minha frente
Um Pão de Açucar com umas arestas insuspeitadas
À áspera luz laranja contra a quase não luz quase não
púrpura
Do branco das areias e das espumas
F
Que era tudo quanto havia então de aurora
( Dm Am )
Estão às minhas costas um velho com cabelos nas
narinas
E uma menina ainda adolescente e muito linda
Não olho pra trás mas sei de tudo
Cego às avessas, como nos sonhos, vejo o que desejo
Mas eu não desejo ver o terno negro do velho
Nem os dentes quase não púrpura da menina
(pense Seurat e pense impressionista
Essa coisa de luz nos brancos dentes e onda
Mas não pense surrealista que é outra onda)
F Dº
E ouço as vozes
Gm C7
Os dois me dizem
Cm F7
Num duplo som
Bbm7 D7/9
Como que sampleados num sinclavier:
( Dm Am )
"É chegada a hora da reeducação de alguém
Do Pai do Filho do espirito Santo amém
O certo é louco tomar eletrochoque
O certo é saber que o certo é certo
O macho adulto branco sempre no comando
E o resto ao resto, o sexo é o corte, o sexo
Reconhecer o valor necessário do ato hipócrita
Riscar os índios, nada esperar dos pretos"
E eu, menos estrangeiro no lugar que no momento
Sigo mais sozinho caminhando contra o vento
E entendo o centro do que estão dizendo
Aquele cara e aquela:
F Dº
É um desmascaro
Gm C7
Singelo grito:
Cm F7
"O rei está nu"
Bbm7
D7/9
Mas eu desperto porque tudo cala frente ao fato de que
o rei é mais bonito nú
( Dm Am )
E eu vou e amo o azul, o púrpura e o amarelo
E entre o meu ir e o do sol, um aro, um elo.
("Some may like a soft brazilian singer
but i've given up all attempts at perfection").
eu pegaria.
Eu mataria.
tá engraçada a foto do chico anísio =P
Postar um comentário