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    quarta-feira, fevereiro 14, 2007

    "a arte é que é isto" ou como eu aprendi a parar de me preocupar e amar a arte.

    (escrito há ano e meio com água nos olhos)

    pouca gente sabe, mas eu sou uma grande entusiasta da arte contemporânea. ok, talvez não tão pouca gente assim, já que quando o papo pinta na mesa de bar eu deixo de ser a mais quieta da mesa e viro alguém muito falante. mas volta e meia alguém se surpreende com o fato.
    me apaixonei por arte contemporânea depois que me mudei pro rio. há seis anos, eu mal conhecia hélio oiticica, que é provavelmente o meu artista plástico favorito hoje em dia. conhecia os parangolés mas por alto, não me interessava muito em pensar A arte contemporânea. talvez porque não tivesse a mínima idéia do que fosse uma "contemporaneidade".
    não é que eu seja uma defensora ardorosa de tudo quanto é coisa que se faz hoje. e nem que eu tenha resposta para tudo. claro que não! tenho mais perguntas que respostas. e isso é animador para mim. quais são os critérios de valoração artística hoje em dia? o que faz algo (difícil usar a palavra "objeto" ou a palavra "obra") ser bom ou ruim? o que é que faz do artista um artista? são perguntas que me interessam e para as quais eu não tenho resposta. provavelmente ninguém tem. no fim dessas perguntas, a gente fatalmente se depara com uma que é assim: "o que é arte?". quem se habilita a responder? eu não.
    o que não falta é gente perguntando, ironicamente, "isto é arte?" ao se deparar com algo que lhe é estranho num museu. "não, senhoras e senhores, a arte é que é isto", disse ronaldo brito num de seus textos apaixonantes. e o isto que a arte é é múltiplo. pode-se fazer arte com qualquer isto, o que não significa que qualquer isto seja arte. quais são os limites? eu não sei. mas gosto de pensar.
    "também vou trazer a pia lá de casa e pôr aqui, assim serei uma artista" poderia dizer uma menina numa exposição de, sei lá, ivens machado. "hoje em dia todo mundo é artista". o mais curioso, pra mim, é que essa chamemos-aqui-democratização que a arte contemporânea promove e que está ali no discurso delas tenha uma carga tão tão tão pejorativa. todo mundo pode ser artista? tudo bem, isso não é maravilhoso? por que o artista tem que continuar sendo aquele cara iluminado por deus? a arte contemporânea - a filosofia contemporânea, a literatura contemporânea, o cinema contemporâneo... - tem batalhado pela flexibilização da noção de autor há já, sei lá, cinqüenta anos e a gente continua com aquela noção romântica...
    todo mundo pode ser artista? posso acreditar que sim. todo mundo é artista? definitivamente não. talvez para mim a diferença essencial esteja mesmo na iniciativa pessoal. não é um artista quem acha que a arte não tem critérios e zomba de tudo. mas alguém que acha que pode ser um artista pode ser um artista. e provocar, porque um artista é um provocador. não um cínico.
    a arte moderna foi um escândalo. quebrou padrões de representação, se lixava para o público, que não gostava dela. hoje, a arte moderna está completamente (completamente!) assimilada pelo público. quem é que não acha um quadro de picasso ou de dalí bonito? bonito, essa é a palavra. a arte moderna rompeu os padrões de representação, mas não quebrou A representação. a arte contemporânea quebrou. a arte contemporânea não quer representar, quer presentar.
    a arte contemporânea não se lixa para o público. não querendo representar mas presentar, ela só existe se existe um público, uma interação. acho que é por isso que eu gosto tanto. é algo que fala aos meus sentidos. entrar num penetrável do hélio oiticica é, pra mim, um prazer indescritível.
    como se vê, tenho mais perguntas que respostas. mas algo que me incite tanto a pensar, a levantar questões, foi um achado na minha vida. não consigo pensar agora em algo cuja discussão me dê tanta paixão como arte contemporânea. nem mesmo cinema.

    posted by nati at 7:14 PM

    4 Comments:

    Anonymous Anônimo said...

    Bem, aceito a discussão "representação/presentação" da arte contemporânea e a validade de sua essência como a captação do espírito de um tempo.

    E o valor intrínseco do "algo artístico" cabe somente ao seu criador; o valor extrínseco está além do seu poder de manipulação e convencimento, claro.

    O critério válido que guardo comigo para a avaliação (mais) justa desse "algo" está no quase consenso de que ele não pode ser produzido e captado de imediato pela imensa maioria dos pares do criador.

    A (a)temporalidade do "algo artístico" - e sua inevitabilidade como parâmetro estético-filosófico-moral - não seria um ponto a ser discutido sempre?

    A necessidade de interação com esse "algo" não trairia a sua (dele) fragilidade?

    Ainda que ache um hélio oiticica foda, para além disso tudo.


    Lacaio

    2:26 AM, fevereiro 15, 2007  
    Anonymous Anônimo said...

    "Arte não é só "fazer": é também esperar. Quando o veio seca, nada melhor para o artista que oferecer a face aos ventos, e viver, pois só da vida lhe poderão advir novos motivos para criar. Nada pode resultar mais esterilizante que o encontro de uma síntese, se ela não for, como na vida, a conseqüência de uma análise que se retoma a partir dela. Encontrar uma fórmula é, sem dúvida, uma forma de realização; mas comprazer-se nela e ficar a aplicá-la indefinidamente, porque agradou, ou compensou, constitui a meu ver uma falta de caráter artísco. Como nas ciências positivas, o encontro de uma síntese deve ser o ponto de partida para a busca de outra, e assim por diante, até o encontro dessa grande e única verdadeira síntese que é a morte." (...)
    "Arte é afirmação de vida, em que pese isto aos mórbidos. Afirmação de vida nesse sentido que a vida é a soma de todas as suas grandezas e podridões: um profundo silo onde se misturam alimentos e excrementos, e do qual o artista extrai a sua ração diária de energias, sonhos e perplexidades: a sua vitalidade inconsciente." (...) "Como admirar, assim, o artista que se recusa a comer dessa mistura, que desinfeta as mãos para tocá-la, que vive a tomar leite para não se envenenar com suas tintas?
    A arte não ama os covardes: e essa afirmação não pode ser mais antifascista. A arte, há que domá-la como a um miúra: e para tanto é preciso viver sem medo. Não a coragem idiota dos que se arriscam desnecessariamente, em franco desrespeito a esse terrível postulado da vida, que ordena uma preservação constante, de maneira a se estar sempre apto para os seus grandes momentos." (...) "É aí que está a questão.
    É evidente que nenhum prazer poderá jamais substituir uma relação sexual de amor. E é isso o que irrita em certos artistas: eles acabam por se safisfazer solitariamente. Não são capazes, depois de encontrar a síntese, de jogá-la aos peixes, como faz Picasso diariamente, e sair para outra - e não por insatisfação pura e simples: porque sabe intuitivamente que quem acha vive se perdendo, como filosofou Noel Rosa. O negócio é a busca. Aí que a vida incute.
    Eu conheço artistas que não se dão mais sequer o trabalho de mergulhar no que fazem, no ato de criar. Trabalham mecanicamente, a partir de um métier adquirido, e elaboram sua obra dentro de esquemas pré-determinados por uma síntese atingida. E ficam jogando boxe com a sombra, justificando-se de sua impotência criadora com a auto-satisfação do próprio virtuosismo; aparentemente vaidoso de sua rigidez temática, mas no fundo sabendo que se encontram diante desse fatal impasse em que esbarram sempre os que se recusam às fontes mais generosas da vida e da criação."

    caramba nati, to de cara, se abriu mesmo!!!
    bjos.
    bruno zanchetta

    7:47 AM, fevereiro 15, 2007  
    Anonymous Anônimo said...

    De quem é esse texto, Bruninho?


    Lacaio

    10:33 AM, fevereiro 15, 2007  
    Anonymous Anônimo said...

    vinicius de moraes man!!!
    bruninho.

    12:49 PM, fevereiro 15, 2007  

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