FABULANDO UMA FABULOSA FÁBULA
Era uma veeeezzzzzzz, um cantinho no meio do nadaaaaaaaa... Em Saturno, em uma aldeia saturniana (saturnina? Saturnônica? Quem sabe?), um grupo de velhos conhecidos passa a se encontrar regularmente. Surge dali uma bela amizade entre todos, que trabalham, estudam, bebem a maravilhosa cerveja de lá, viajam, fazem promessas, namoram, casam, separam etc. Os amigos juram em solenidade festeira jamais permitir que alguma coisa os afaste; é uma tradição em Saturno que um grupo de camaradas permaneça unido sob quaisquer circunstâncias. E lá vai a alegre turma saturniana, saltando aos gritos nos rocks áridos e desolados de seu planeta anelado. Certo dia, porém, um dos amigos conhece uma bela saturniana e se afasta, estabelecendo residência no setor leste da aldeia. Os companheiros de sempre estranham a sua partida e a sua pronunciada ausência. Há uma comoção inicial seguida de um breve período de ciúmes, revolta e imprecações; pouco depois acostumam-se todos ao fato consumado e seguem a sua sina de bebedeiras, festanças, confusões e gargalhadas, com um e outro achando a sua companheira e permanecendo próximo em maior ou menor grau. Mas o único a se manter distante e sem notícias estabelece uma lacuna de difícil preenchimento. Dói a saudade nos velhos parceiros, infelizmente já conformados com a sua decisão de manter-se longe e incomunicável.
Em dado momento, em um belo dia de anéis mais que brilhantes em Saturno, reaparece o velho guerreiro, sedento e faminto, buscando as velhas farras e dizendo-se arrependido por tamanho afastamento. Promete aos brados impedir que quaisquer novas circunstâncias os afastem uns dos outros tão radicalmente outra vez. Abraços, juras de amizade eterna e hinos são entoados em canto único. Uma nova velha era tem início, acompanhada da certeza de e em cada um de que agora tudo será diferente. As velhas caminhadas em conjunto, o velho e grande carro lotado estrada afora e as lembranças vivas de ínúmeros e hilários incidentes entre todos. "Agora tudo será diferente, não vos mais abandonarei, rapazes!", grita o amigo que retorna.
Mas a mosca azul do exílio voluntário ressurge nas formas de uma saturniana que se aproxima e lhe conquista o coração. Os amigos felicitam-no e lhe desejam a sorte maior, certos de que agora tal sorte não mais virá acompanhada do afastamento, da distância, da saudade e da incomunicabilidade. O amigo aprendeu, pensam eles, e não repetirá o velho erro. "Nada mais nos afastará!", afirmam todos.
Dito isso e pensado aquilo, o parceiro de tantas batalhas mais uma vez desaparece. Os amigos ainda acreditam em um (novo) retorno e o esperam ansiosamente; desta vez, com pedras, bastões e milhares de impropérios.
Em Saturno, assim como na Terra, quem vacila tem que pagar a conta.
Era uma veeeezzzzzzz, um cantinho no meio do nadaaaaaaaa... Em Saturno, em uma aldeia saturniana (saturnina? Saturnônica? Quem sabe?), um grupo de velhos conhecidos passa a se encontrar regularmente. Surge dali uma bela amizade entre todos, que trabalham, estudam, bebem a maravilhosa cerveja de lá, viajam, fazem promessas, namoram, casam, separam etc. Os amigos juram em solenidade festeira jamais permitir que alguma coisa os afaste; é uma tradição em Saturno que um grupo de camaradas permaneça unido sob quaisquer circunstâncias. E lá vai a alegre turma saturniana, saltando aos gritos nos rocks áridos e desolados de seu planeta anelado. Certo dia, porém, um dos amigos conhece uma bela saturniana e se afasta, estabelecendo residência no setor leste da aldeia. Os companheiros de sempre estranham a sua partida e a sua pronunciada ausência. Há uma comoção inicial seguida de um breve período de ciúmes, revolta e imprecações; pouco depois acostumam-se todos ao fato consumado e seguem a sua sina de bebedeiras, festanças, confusões e gargalhadas, com um e outro achando a sua companheira e permanecendo próximo em maior ou menor grau. Mas o único a se manter distante e sem notícias estabelece uma lacuna de difícil preenchimento. Dói a saudade nos velhos parceiros, infelizmente já conformados com a sua decisão de manter-se longe e incomunicável.
Em dado momento, em um belo dia de anéis mais que brilhantes em Saturno, reaparece o velho guerreiro, sedento e faminto, buscando as velhas farras e dizendo-se arrependido por tamanho afastamento. Promete aos brados impedir que quaisquer novas circunstâncias os afastem uns dos outros tão radicalmente outra vez. Abraços, juras de amizade eterna e hinos são entoados em canto único. Uma nova velha era tem início, acompanhada da certeza de e em cada um de que agora tudo será diferente. As velhas caminhadas em conjunto, o velho e grande carro lotado estrada afora e as lembranças vivas de ínúmeros e hilários incidentes entre todos. "Agora tudo será diferente, não vos mais abandonarei, rapazes!", grita o amigo que retorna.
Mas a mosca azul do exílio voluntário ressurge nas formas de uma saturniana que se aproxima e lhe conquista o coração. Os amigos felicitam-no e lhe desejam a sorte maior, certos de que agora tal sorte não mais virá acompanhada do afastamento, da distância, da saudade e da incomunicabilidade. O amigo aprendeu, pensam eles, e não repetirá o velho erro. "Nada mais nos afastará!", afirmam todos.
Dito isso e pensado aquilo, o parceiro de tantas batalhas mais uma vez desaparece. Os amigos ainda acreditam em um (novo) retorno e o esperam ansiosamente; desta vez, com pedras, bastões e milhares de impropérios.
Em Saturno, assim como na Terra, quem vacila tem que pagar a conta.
4 Comments:
huaAHUAHaauahAUhua.
Direto na ferida, com direito a sal grosso e vinagre.
A mais pura e bela verdade meu caro.
E não é? As coisas em Saturno andam meio estranhas ultimamente.
E como andam estranhas.
hehehehehe
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