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    quarta-feira, janeiro 31, 2007





    Somos todos pequenos reféns de um planetinha de merda, e estamos condenados a uma comunicação precária (entre nós). Taí um filme bonito paca, melancólico, angustiante. São mais de duas horas de dor, dor e dor. O ser humano é uma impossibilidade fisiológica e metafísica. Uma miséria. Mas é a única que temos.

    É pesado? É.

    E belíssimo.

    FODA.

    FO-DA.

    F-O-D-A.


    Obs: esqueçam o filme "O Efeito Borboleta". Teoria do Caos é isto aqui.

    posted by caio at 11:17 PM 3 comments

    terça-feira, janeiro 30, 2007



    Pelo que já vi - e pelo que já li - a violência deste filme deixa pra trás "A Paixão de Cristo". Mel Gibson mete a mão no peito e arranca as vísceras da civilização Maia em seu crepúsculo.

    Medo.

    posted by caio at 9:00 PM 5 comments





    Diz que deu, diz que Deus, diz que Deus dará,
    Não vou duvidar, ó nega, e se Deus não dá, como é que vai ficar, ó nega?
    Diz que deu, diz que dá, e se Deus negar, ó nega?
    Eu vou me indignar e chega, Deus dará, deus dará

    Deus é um cara gozador, adora brincadeira
    Pois pra me jogar no mundo, tinha o mundo inteiro
    Mas achou muito engraçado me botar cabreiro
    Na barriga da miséria nasci brasileiro
    Eu sou do Rio de Janeiro

    Diz que deu, diz que Deus, diz que Deus dará,
    Não vou duvidar, ó nega, e se Deus não dá, como é que vai ficar, ó nega?
    Diz que deu, diz que dá, e se Deus negar, ó nega?
    Eu vou me indignar e chega, Deus dará, deus dará


    Jesus cristo ainda me paga, um dia ainda me explica
    Como é que pôs no mundo essa pobre coisica
    Vou correr o mundo afora, dar uma canjica
    Que é pra ver se alguém me embala ao ronco da cuíca
    E aquele abraço pra quem fica

    Diz que deu, diz que Deus, diz que Deus dará,
    Não vou duvidar, ó nega, e se Deus não dá, como é que vai ficar, ó nega?
    Diz que deu, diz que dá, e se Deus negar, ó nega?
    Eu vou me indignar e chega, Deus dará, deus dará

    Deus me fez um cara fraco, desdentado e feio
    Pele e osso simplesmente, quase sem recheio
    Mas se alguém me desafia e bota a mãe no meio
    Dou pernada a três por quatro e nem me despenteio
    Que eu já tô de saco cheio

    Diz que deu, diz que Deus, diz que Deus dará,
    Não vou duvidar, ó nega, e se Deus não dá, como é que vai ficar, ó nega?
    Diz que deu, diz que dá, e se Deus negar, ó nega?
    Eu vou me indignar e chega, Deus dará, deus dará

    Deus me deu mão de veludo pra fazer carícia
    Deus me deu muita saudade e muita preguiça
    Deus me deu perna comprida e muita malícia
    Pra correr atrás da bola e fugir da polícia
    Um dia ainda sou notícia

    Diz que deu, diz que Deus, diz que Deus dará,
    Não vou duvidar, ó nega, e se Deus não dá, como é que vai ficar, ó nega?
    Diz que deu, diz que dá, e se Deus negar, ó nega?
    Eu vou me indignar e chega, Deus dará, deus dará


    Partido Alto - Chico Buarque

    posted by caio at 6:52 PM 2 comments

    segunda-feira, janeiro 29, 2007




    Em 22 de junho de 1941, o mundo prendeu a respiração: tinha início a maior campanha militar de todos os tempos - ainda hoje.

    Hitler dera o último sinal para a invasão da URSS comunista pela máquina de guerra nazista, a mais temível delas.

    Vocês acham que é coquinho?

    Saquem o tamanho da parada...


    - das águas geladas de Arcangel, no Mar de Berens, estendendo-se até as águas tépidas do Mar Negro, bem ao sul, uma extensão de mais de três mil quilômetros de front alemão;

    - três milhões de soldados alemães;

    - 3580 tanques e carros de combate alemães;

    - 7184 canhões alemães;

    - 5000 aviões;

    - 600.000 veículos de todos os tipos;

    - 750.000 cavalos.


    Stalin tremeu. A URSS judaica e comunista lutaria a guerra de sua História. Uma URSS vencida daria a Hitler todos os imensos campos de cereais e de petróleo, e seus majestosos portos. Era tudo ou nada. Lembrem-se: os EUA só entrariam na guerra pra valer em dezembro daquele ano.

    Um ano antes Hitler ordenara o início do grande plano. Stalin, mesmo avisado por seus generais da movimentação intensa de tropas alemãs na fronteira russa, disse confiar no pacto assinado com os nazistas.

    O planeta Terra balançava.

    Stalin ordena a política de terra arrasada, recuando suas tropas e deixando as cidades e seus habitantes mais vulneráveis nas mãos dos nazistas; tudo o que estaria ao seu alcance seria queimado, demolido. A ordem era: não deixem nada para os alemães. Que carregassem o que fosse preciso e possível, e só.

    Salto para a frente.


    Baixas (mortos, feridos e desaparecidos) estimadas entre os alemães: 3.000.000.

    Baixas estimadas entre os russos: 20.000.000 (somente os mortos - 5.000.000 de militares e 15.000.000 de civis).


    A guerra nazismo x comunismo só teria um desfecho depois de 4 anos.

    posted by caio at 11:22 PM 1 comments

    domingo, janeiro 28, 2007





    Esboço de um roteiro para um filme que nunca farei:

    Sugestão de título: "O nacional-socialismo bolchevique" ou "A história de uma esculhambação ideológica"




    Cena 1: o soldado nazista alemão Klausk desembarca em 1847 em Londres, poucos meses antes da redação definitiva e publicação do Manifesto do Partido Comunista por Marx & Engels. Objetivo: assassinar a dupla antes que a sua obra ganhe o mundo. Resultado: sem Marx, Engels e a retórica socialista a Rússia permaneceria Czarista e Hitler e seus asseclas avançariam sobre as estepes com muito mais desenvoltura.

    Corte para a

    Cena 2: o militante bolchevique Ivanov desembarca na Munique de 1923 momentos antes da tentativa de golpe hitlerista - que resultaria na prisão do Líder Ariano Supremo, na publicação de "Minha Luta" e na chancelaria em 1933. Sem os nazistas no poder a URSS teria seus caminhos abertos até o coração da Europa sem o morticínio previsto.

    Corte para a

    Cena 3: em Londres, Klausk subitamente desembarca sem as roupas do corpo (“Objetos não são teletransportáveis”, constata miseravelmente), sem o endereço de Marx e o mapa indicativo. Engels, novamente morador da Alemanha, passaria naquele período duas semanas com seu amigo marxista (!!??). Obrigado a arranjar emprego e roupas, Klausk consegue emprego temporário (claro...) em uma fábrica de tecidos. O tempo joga contra.

    Corte para a

    Cena 4: Ivanov desembarca na cervejaria errada e - pra não perder a viagem - toma um baita porre, o que o leva a ser expulso pelo proprietário - fora o fato de estar nu, sem documentos e sem dinheiro para pagar a conta. Sorte sua que a tentativa de tomada de poder pelos nazistas dar-se-á em 3 dias. Ivanov foge coberto por jornais para outra cervejaria - para a sua tremenda sorte, ocupada por alemães paupérrimos e também cobertos por jornais. Ivanov respira fundo.

    Corte para a

    Cena 5: Klausk sofre na pele a dureza do chão de fábrica. Constrói forte amizade com Keegan, operário sindicalista de orientação socialista. Klausk tenta reorganizar idéias, conceitos e finanças. Engels dará no pé em uma semana e Marx já terá lançado sobre o amigo a centelha da fúria. Klausk percebe-se no meio de uma manifestação de trabalhadores gritando: "Fora o capital aristocrata e burguês!". Klausk dá sinais de pouca resistência e dorme nu sobre a suástica em seu cubículo. O III Reich não pode esperar.

    Corte para a

    Cena 6: Ivanov consegue uma cama na casa de Mung, trabalhador braçal desempregado na Grande Depressão do pós-guerra. Ouve de seu chapa a história da opressão do Tratado de Versalhes, da fome que devastou a sua família e da influência nefasta dos comunistas alemães. Ivanov - disfarçadamente - chora baixinho e abraça seu novo amigo. Voltam à cervejaria cobertos por jornais.




    Sugestões para o trabalho das câmeras



    Cena 1: plano aberto para a Londres fantasmagórica do século XIX, com a lente seguindo o Tâmisa por uma de suas margens até estacionar sobre uma águia - o fato de águias não serem comuns por lá deve ser deixado de lado -, águia esta encontrada a bicar/devorar um pequeno pardal vermelho - o fato de pardais vermelhos serem uma impossibilidade também deve ser deixado de lado. Close na face da águia, que parece perceber a presença da câmera. Corte para um bairro pobre e periférico iluminado por um clarão - que (curiosamente) não parece chamar a atenção de ninguém.

    Cena 2: câmera no teto da cervejaria, o mesmo clarão londrino e passeio pelos rostos indiferentes (!!!) dos alemães.

    Cena 3: longa tomada sem diálogos que acompanha um periclitante Klausk pelas ruas vaporosas e fétidas de Londres até a porta de uma fábrica - o fato de conseguir um emprego estando completamente nu e falando um inglês com forte sotaque alemão deve ser desconsiderado. Close na face determinada do jovem nazista.

    Cena 4: a câmera na mão acompanha freneticamente a transição de uma cervejaria para a outra; ouve-se a respiração ofegante de Ivanov; ouve-se a gritaria da turba que o persegue com palavrões indescritíveis em alemão. Seqüência fechada na porta da segunda cervejaria em um close no rosto de Ivanov, aliviado.

    Cena 5: montagem rápida indicando a evolução operária de Klausk, ainda que seu inglês seja ridicularizado constantemente por seus companheiros de fábrica. Fecha com a abertura lenta do plano que sai da face do alemão e vai ao teto, revelando a suástica sobre a qual ele se deita.

    Cena 6: enquanto Ivanov ouve o relato de seu colega alemão, uma projeção ao fundo passeia pelos acontecimentos narrados. Nada de música. Corte para a cervejaria.

    posted by caio at 11:34 PM 6 comments

    sexta-feira, janeiro 26, 2007

    Oi turma! Invadi o espaço de voces pra mostrar as fotos do meu aniversario.

    "Homi Alanha Tleis"



    " Hell Yeahhh!!!! Mamadeira turbinada e minha guitarra novinha!!"

    "O Bolo e meu, sai fora Dodóra!!"

    posted by Mrlips at 10:14 PM 8 comments

    ...

    Há um vilarejo ali
    Onde areja um vento bom
    Na varanda, quem descansa
    Vê o horizonte deitar no chão
    Pra acalmar o coração
    Lá o mundo tem razão
    Terra de heróis, lares de mãe
    Paraiso se mudou para lá
    Por cima das casas, cal
    Frutos em qualquer quintal
    Peitos fartos, filhos fortes
    Sonho semeando o mundo real
    Toda gente cabe lá
    Palestina, Shangri-lá
    Vem andar e voa
    Vem andar e voa
    Vem andar e voa
    Lá o tempo espera
    Lá é primavera
    Portas e janelas ficam sempre abertas
    Pra sorte entrar
    Em todas as mesas, pão
    Flores enfeitando
    Os caminhos, os vestidos, os destinos
    E essa canção
    Tem um verdadeiro amor
    Para quando você for

    posted by M.T. at 3:26 PM 0 comments

    posted by trzna at 8:05 AM 0 comments

    quinta-feira, janeiro 25, 2007

    posted by inutilia sapiens at 6:48 PM 9 comments

    Somewhere Under the Rainbow



    "Pornôs com anões são bizarros. Pornôs europeus já não são muito normais. Pornôs do LESTE europeu são mais estranhos ainda. Pornôs com Hermafroditas são, bem… eu heim. Essa BOMBA aí de cima é um pornô húngaro com Panther, um anão hermafrodita ator pornô do leste europeu. Para identificar, é a criatura com o cabelo espetado, do lado da morena com cara de “que diabos estou fazendo aqui?”.

    Essa coisa cinematográfica tem até uma página no Internet Movie Database, que não explica a lógica de produzir um pornô onde, segundo testemunhas, as atrizes passam o tempo todo segurando o riso.

    Descobri (não perguntem como, esses links sempre caem no meu colo) essa bomba hoje, e já foi pro alto da lista de filmes a não baixar.

    Eu entendo que os fetiches humanos são cumulativos, mas em geral um fetiche para um grupo é corta-tesão para outro. Você pode ter fetiche por meias de seda, mas se não tiver fetiche por ovelhas, uma ovelha usando meias de seda não irá despertar tesão.

    Nota: Evitei procurar no Google por “ovelha usando meias de seda”, tenho medo de achar.

    Um vídeo de anões hermafroditas europeus é meio tornar o público-alvo restrito. Acho que umas cinco pessoas no planeta devem ter comprado esse vídeo. Felizmente nenhuma delas tem acesso à Internet, então não corremos risco de achar essa coisa online."


    Texto extraído, na íntegra, do Blog do Cardoso

    posted by Anônimo at 10:29 AM 5 comments

    quarta-feira, janeiro 24, 2007

    Menino chinês de 4 anos mata 443 frangos com grito

    A Justiça chinesa sentenciou o pai de um menino de 4 anos a pagar uma indenização de US$ 230 a criadores de galinhas. A corte concluiu que um grito dado pelo garoto provocou a morte de 443 frangos em um vilarejo na província de Jiangsu, no leste da China.

    O episódio ocorreu durante o verão, quando o pai da criança foi ao vilarejo vender gasolina. O menino se assustou com um cão latindo e gritou desesperado. O barulho deixou em pânico as galinhas criadas no local, que acabaram se pisoteando até a morte.

    "Um vizinho contou à polícia que tinha ouvido o menino chorar naquela tarde e um outro morador confirmou os gritos do garoto", divulgou o jornal local Nanjing Morning Post. A Justiça determinou que o grito do menino foi "o único som anormal inesperado" ocorrido e que os frangos se pisotearam até a morte por medo desse barulho.

    # Camadona!!!

    posted by trzna at 10:34 PM 2 comments

    terça-feira, janeiro 23, 2007

    Molly Hatchet

    !
    Molly Hatchet é a banda do dia.



    Nem me lembro exatamente quando baixei algo desses caras, mas o certo é que eu não ouvia a séculos.

    Banda de Southern Rock do final dos anos 70.
    ¡

    posted by BonaTTo at 5:24 PM 0 comments

    segunda-feira, janeiro 22, 2007

    Deus, o Diabo & quem mais quiser...





    Miles, genial, divino; Coltrane, Deus (meu Deus!), e meu Deus (Personal Jesus?).
    A canção, "Round Midnight" (tenho esse vinil, encarte de mais de vinte páginas, uma pérola).

    Não pode existir nada melhor. Pra ouvir, amar ouvindo, trepar ouvindo, fumar ouvindo, cheirar ouvindo, cagar ouvindo, morrer ouvindo.

    E pensar que Miles chutou Coltrane de sua banda dizendo: "Esse cara é genial, mas viciado em heroína. Sei bem que diabos é isso: eu era genial e também viciado em heroína."

    posted by caio at 11:17 PM 3 comments

    FÚRIA CONTRA A MÁQUINA II




    Engels



    O problema do pequeno-burguês está na concentração de dois dos maiores perigos para o projeto revolucionário: a inércia, causada esta pela sensação de segurança que possui por base o já conquistado, e a esperança de que - a persistir no caminho escolhido - novas conquistas acumular-se-ão. Esse sentimento do pequeno-burguês é manipulado pela Reação indefinidamente e com grande êxito, numa promessa permanente de que as benesses da alta burguesia lhes serão dadas em um momento histórico próximo. Ao proletariado resta sacudir essa classe em um movimento de espasmo e contração, levando-a a um estado de consciência inatingível por outros meios.


    OBS: quando o texto é de outrem, a citação é clara e a fonte é identificada. Esse texto é meu.

    posted by caio at 10:11 PM 1 comments

    FÚRIA CONTRA A MÁQUINA




    O pai da criança.




    Minha atual leitura.



    "A mente de Marx era como um navio de guerra sempre preparado para partir
    imediatamente em qualquer direção no mar do pensamento."


    Lafargue


    "Os livros e papéis são meus escravos, e têm de me servir a meu bel-prazer."

    Marx


    "Marx nos apresenta a imagem de um mundo em que as mercadorias mandam nos seres humanos. Essas mercadorias têm leis próprias de movimento; parecem girar em suas órbitas como elétrons. Assim, elas mantêm em funcionamento as máquinas e sustentam as pessoas que cuidam das máquinas. E a maior das mercadorias é o dinheiro, porque representa todas as outras. Marx nos mostra de que modo as fichas de metal e as notas de papel, meras convenções para facilitar a troca, adquirem o caráter fetichista que fará com que pareçam fins em si, assumindo um valor próprio, depois adquirindo uma potência própria que parece substituir a potência humana. Marx afirmara todo esse tema em uma frase de um discurso seu de 1856 escrito em inglês: "Todas as nossas invenções e progressos parecem ter a conseqüência de atribuir às forças materiais uma vida intelectual e reduzir a existência humana à condição de força material". A humanidade fica impotente, presa numa rede de salários, lucros e crédito."

    Edmund Wilson

    posted by caio at 6:38 PM 0 comments

    REVIEW DE CINEMA NO VERÃO

    Estou longe de ser um cinéfilo do tipo "especialista", daquele que discute planos de câmera e discorre longos artigos sobre um determinado diálogo - longe disso! Mas gosto de assisitir a um bom filme e indicá-los aos amigos. Estes filmes eu assisti recentemente e espero que vocês venham a gostar/tenham gostado.



    Em Busca da Terra do Nunca

    Hollywood às vezes consegue produzir um filme bonito sem ser piegas. Interpretações primorosas de Johnny Depp e de Kate Winslet.




    O que fiz eu para merecer isso?

    Em cartaz no Cine Metrópolis, o quarto filme (1984) de Almodóvar, em seu estado mais cru e com todos os exageros possíveis. Muito engraçado, lotado de situações/personagens absurdos, mescla humor e tragédia sem perder o pique. Aos carolas de plantão: quase não há cenas de “viadagem” no filme, podem ver sem sustos.




    O Lenhador

    Kevin Bacon está impressionante no papel de um pedófilo que sai da prisão e tenta levar uma vida normal. O filme te prende a todo instante pela força do personagem principal, sem abusar de trilhas sonoras impactantes ou cenas de ação polêmicas. Aliás, na minha opinião a grande “polêmica” deste filme reside no fato de não mostrar um pedófilo como um psicopata digno de cadeira-elétrica. Você até torce pelo personagem – um pedófilo, lembrem-se!!




    A Deusa de 1967

    Esteticamente impressionante, misturando o visual futurista de Tóquio com o deserto cheio de cores da Austrália. A história dos dois personagens vai se revelando ao longo do filme, que demonstra um estilo narrativo nem um pouco usual. Em alguns momentos parece que vai descambar nos típicos clichês de road movies, mas nada é o que parece neste filme.




    A Estrela Solitária

    Eu piro nos filmes do Win Wenders, pois a forma como ele ilustra suas histórias utilizando-se do fantástico visual do deserto do Oeste Norte-Americano é impressionante. E as histórias que ele conta neste cenário invariavelmente são excelentes. Aqui, um veterano ator de filmes de cowboy (Sam Shepard, fantástico no papel que ele mesmo criou – e que relutava em atuar!), desregrado e encrenqueiro por natureza, simplesmente abandona o set de filmagem na garupa de um cavalo da produção do filme e some do mapa. Daí vai descobrindo acontecimentos de sua vida que poderiam mudar o rumo de sua história pessoal. Poderiam... Destaque também para a trilha sonora, que eu estou até hoje procurando saber quem é que gravou aquelas músicas que são tocadas no filme – uma espécie de country-gótico de arrepiar!

    Verão sem praia, trabalhando no escritório e vendo filmes longe do suor, hahahaha!!! Pelo menos alguma coisa eu estou acrescentando p/ mim sem suar tanto...

    posted by Kalunga at 4:32 PM 7 comments



    FREEDOM, MOTHERFUCKERS!!!!

    posted by caio at 3:39 PM 2 comments

    domingo, janeiro 21, 2007

    misread


    If you wanna be my friend
    You want us to get along
    Please do not expect me to
    Wrap it up and keep it there
    The observation I am doing could
    Easily be understood
    As cynical demeanour
    But one of us misread...
    And what do you know
    It happened again

    A friend is not a means
    You utilize to get somewhere
    Somehow I didn't notice
    friendship is an end
    What do you know
    It happened again

    How come no-one told me
    All throughout history
    The loneliest people
    Were the ones who always spoke the truth
    The ones who made a difference
    By withstanding the indifference
    I guess it's up to me now
    Should I take that risk or just smile?

    What do you know
    It happened again
    What do you know


    kings of convenience

    posted by inutilia sapiens at 12:27 PM 0 comments




    Vamos lá...


    "Por burguesia compreende-se a classe dos capitalistas modernos - proprietários dos meios de produção social - que empregam o trabalho assalariado. Por proletariado compreende-se a classe dos trabalhadores assalariados modernos que, privados de meios de produção próprios, se vêem obrigados a vender sua força de trabalho para poder existir."


    Exercício da lógica marxista:


    Suponhamos que um operário seja contratado para trabalhar 8 horas por dia numa fábrica de motocicletas. O patrão lhe paga 16 reais por dia, ou seja, 2 reais por hora, e o operário produz duas motos por mês. O patrão vende então cada moto por 3883 reais. Deste dinheiro, ele desconta o que gasta com matéria-prima, desgaste de máquinas, energia elétrica, etc; exagerando bastante, vamos supor que esses gastos somem 2912 reais. Logo, sobram de lucro para o patrão 971 reais por moto vendida (3881 menos 2912 é igual a 971). Se o operário produz duas motos por mês, ele produz, na verdade 1942 reais por mês (2x971). Se, num mês, ele trabalhar 240 horas, produzirá 8,1 reais por hora (1942 dividido por 240 horas). Portanto, em 8 horas de trabalho ele produz 64,8 reais (8,1x8) e ganha 16 reais.

    A mais-valia é exatamente o valor que o otário cria além do valor de sua força de trabalho. Se sua força de trabalho vale 16 reais e ele cria 64,8, a mais-valia que ele dá ao escravocrata é de 48,8 reais. Ou seja, o otário trabalha a maior parte do tempo de graça para o patrão suga-suga.


    Queres saber (o) quanto toma no fiofó o Zé Toucinho? Vamos lá, regra de três simples:

    64,8 ---- 8h
    16-------- X

    16 vezes 8 dividido por 64,8 = 2h e 6min



    Conclusão (toma!): das oito horas que o operário-pidão trabalha, ele só recebe duas horas e seis minutos. O resto do tempo ele trabalha de graça para o capitalista (esse incompreendido...). Esse valor que o patrão-gracinha embolsa é o trabalho não pago.

    Ao patrão-gente boa! o que interessa é o aumento constante da mais-valia porque assim seus lucros também aumentam. Pra fazer isso, o capitalista ("um visionário", dizem os puxa-sacos) usa uma forma básica: aumenta ao máximo a jornada de trabalho do mané (“mais-valia absoluta”), de modo que depois de o operário-pelourinho ter produzido o valor equivalente ao de sua força de trabalho possa continuar trabalhando muito tempo mais; esta forma de obter maior quantidade de mais-valia é muito conveniente ao capitalista (o escravocrata, não esqueça) - ele não aumenta seus gastos em máquinas nem em locais e consegue um rendimento muito maior da sua força de trabalho (o idiota assalariado).

    Era o método mais utilizado no começo do capitalismo.

    Mas não se pode prolongar indefinidamente a jornada de trabalho, babies...

    Então, para isso, o patrão-mandão teve de lançar mão de outras formas para fazer com que o operário-jumento produzisse mais, reduzindo o tempo de trabalho necessário (“mais-valia relativa”) sem reduzir a jornada de trabalho: introduzindo máquinas mais modernas, incentivando a produtividade, etc ("Meu Deus, como os operários hoje trabalham em melhores condições!", dizem os hipócritas e os estúpidos de boa fé).





    O proletariado, esse reclamão ingrato...




    O manda-chuva, esse homem de bem...

    posted by caio at 4:54 AM 5 comments

    sábado, janeiro 20, 2007

    UM DOS DEZ FILMES DE MINHA VIDA, DEFINITIVAMENTE




    Entre diversas razões - o elenco beirando a perfeição, o roteiro enxuto e mortal, a trilha sonora encaixada com precisão, o timing de seu tempo -, a AMIZADE. Do que vi, e do que me lembro, nenhum outro filme evoca com tanto poder esse mito. Ali descobri que amizade é amor, é entrega, é o que nos resta. Quem já viu, sabe: a seqüência final levanta os mortos e sacode o peito, joga a alma prum lado e o coração pro outro.

    Pra assistir ajoelhado, com a água nos olhos.

    Pra sair de casa e abraçar teu irmão.

    Porque vais morrer com ele, e ele contigo.

    Mesmo que ainda não saibas disso.

    PeloamordeDeus...

    posted by caio at 5:59 AM 5 comments

    sexta-feira, janeiro 19, 2007

    Summerfest 2007


    A partir do dia 25, até o dia 28 deste mês, Domingos Martins será a minha casa:

    - Cerveja 24h por dia;
    - Alemãs gostosas e peitudas servindo chopp e dançando;
    - Mais cerveja;
    - Mais loiras lindas e doidas para dar... mais cerveja;
    - Cerveja;
    - Cerveja;
    - E mais cerveja.

    posted by Mentor at 9:16 AM 2 comments

    quinta-feira, janeiro 18, 2007


    Há vários modos de matar um homem:
    com o tiro, a fome, a espada
    ou com a palavra
    - envenenada.
    Não é preciso força.
    Basta que a boca solte
    a frase engatilhada
    e o outro morre
    - na sintaxe da emboscada.

    ..:. Affonso de Sant'Anna .:..

    posted by inutilia sapiens at 4:53 PM 4 comments

    quarta-feira, janeiro 17, 2007




    A palavra "gênio" exige extremo cuidado em sua utilização. Gênio é aquele espírito criador que está acima de seus pares por virtudes inquestionáveis e sublimes. Há muito talento literário no século XX - mas gênios, quantos deles?

    Jorge Luis Borges está nessa seleta - e botem seleta nisso - categoria.

    Um gênio (mui provavelmente o mais sério candidato ao posto de maior escritor do mundo entre 1900 e 2000) absoluto, capaz de fundir filosofia e ficção de modo absolutamente original e criar um novo gênero - o gênero borgeano, único e extinto desde a sua morte.

    Uma das mais poderosas literaturas já tentadas, cujos prédios, labirintos e bibliotecas ainda não encontraram seu fim.

    Ler Borges pode mudar a sua vida.

    Mudou a minha.

    Mais uma vez: gênio, sem favor nenhum.


    Obs: faça um teste: leia Borges e compare o seu texto com textos que tenhas lido até então.

    E prepare-se pro impacto.



    "Borges é alguém capaz de meter o universo numa caixa de fósforos."

    Eugênio Montale, 1959

    posted by caio at 9:40 PM 7 comments



    O Anão do Inferno em momento pós-chapação.

    posted by caio at 4:08 PM 3 comments







    Ok, vão dizer que isto tudo é uma merda; bobo, burro, inconseqüente, idiota, estúpido, clone de milhares de coisas... Mas não me importo, e muito disso aí deve ter um pé mesmo na verdade.

    Mas me amarro nessas desgraças até hoje.

    Fazer o quê?

    Músicas fodonas!!!

    posted by caio at 4:52 AM 2 comments

    segunda-feira, janeiro 15, 2007

    Não adianta, não namoro por namorar; muito menos prorrogo relacionamentos que apodrecem rapidamente.

    Mais uma que foi pro saco. A trigésima? Quadragésima? Sei lá. Mas não me acomodo.

    Vida que segue e bola pra frente - o jogo está aí.


    Como li em outro lugar: a procura continua.

    É isso.

    posted by caio at 10:47 PM 12 comments

    olá.
    estou em vitória - jacaraípe, na verdade - até quinta ou sexta.
    alguém está a fim de ir ver o filme do almodóvar no metrópolis amanhã (terça-feira) às 7 e depois tomar uma cervejinha na rua da lama ou onde quer que seja?
    .
    .
    saudades docês.

    posted by nati at 8:07 PM 2 comments

    sexta-feira, janeiro 12, 2007

    Pensamentos Lacaianos na madrugada da ida ao Rio de Janeiro - sobre o amor, a paixão e a amizade



    Amor é amizade estável com sexo ocasional e de razoável - por vezes boa - qualidade.

    Paixão é amizade instável com sexo constante e de ótima - quase sempre - qualidade.


    Amar, pois, é aceitar o apodrecimento da paixão.

    Apaixonar-se, então, é o não conformismo do amor.

    A amizade, assim, é a única relação baseada na entrega total - com a cumplicidade sacana da paixão e a estabilidade prometida do amor.

    posted by caio at 1:04 AM 7 comments

    quinta-feira, janeiro 11, 2007

    !
    Guarapari, aí vou eu
    ¡

    posted by BonaTTo at 12:55 AM 4 comments

    quarta-feira, janeiro 10, 2007

    Pai?



    Existem várias fazes na vida de um homem: a primeira transa, o primeiro gole de álcool, o primeiro cigaro, a primeira puta.

    Mas nada se compara ao primeiro filho!

    E Morgana vai bem, obrigado! Cheia de saúde!

    Desculpem a ausência. Tenho andado meio ocupado em meio a fraldas, mamadeiras e afins.

    posted by Anônimo at 11:23 PM 2 comments

    Leituras de dezembro/janeiro




    Um inventário fantástico e criterioso das idéias revolucionárias e seus ativistas. Um clássico de um dos ícones da crítica literária norte-americana.




    Wilde, encarcerado, massacra a burguesia inglesa da virada do século XIX.




    Como a cobertura do New York Times moveu o mundo a favor da revolução cubana. Fundamental como uma das ferramentas de compreensão da máquina jornalística
    politicamente engajada.




    Esqueçam Kerouac, aquele embusteiro batedor de máquina; aqui está o melhor da literatura norte-americana de estradas, bares e ferrovias.




    Tens raiva da Máquina? Sustente-a com essa vitamina retórica poderosa.




    O libelo democrático e libertário que inspirou revoluções mundo afora. Terá Mr. Bush lido esse livreto?




    Como dois irmãos de sangue (Socialismo e Anarquismo) fizeram escolhas distintas na grande bifurcação histórica do século XIX. Essencial é pouco.




    Anarquia com substância histórica e filosófica.

    posted by caio at 4:23 PM 6 comments



    Lá vamos nós, mais uma vez...

    posted by caio at 2:19 AM 4 comments

    posted by trzna at 12:30 AM 1 comments

    terça-feira, janeiro 09, 2007

    I'M ALIVE!

    Depois de 2 meses sem internet, aqui estou eu após penosas subidas em telhados e paus do windows. Meu último acesso residencial foi na véspera do show do New Order - e digo foi um belo show! Tenho uma cervejinha pra beber logo mais, então vou ficando por aqui, mas aviso logo uma falha minha: faltou um disco na minha lista de melhores do ano.


    Greg Graffin - Cold as the Clay
    Gaitinhas cortantes, backing vocal femininos pra lá de saborosos, melodias grudentas como só mesmo o cabeça do Bad Religion conseguiria fazer, algumas músicas se fossem aceleradas e tivessem um acompanhamento rock seria a cara de sua banda, mas aqui o negócio é o mais puro COUNTRY. Nada de country rock, nada de vocais rasgantes, tudo muito contido, pois o moço soube muito bem onde buscar suas influências. Johnny Cash e Neil Young tiveram um caso, deram um jeito de misturar seus genes, tiveram um filho e só agora ele resolveu aparecer.

    posted by val bonna 665 >> 667 at 8:16 PM 4 comments

    VAMOS FAZER, BABY...





    "Deus - e Brad também - me perdoe e aos meus filhos, mas passei metade de minha vida me masturbando ouvindo Marvin Gaye."

    Angelina Jolie

    "Marvin foi meu pênis por mais de dez anos, certamente".

    Madonna

    "Eu sempre transei - por Deus, que meus namorados me perdoem! - imaginando estar na cama com Marvin Gaye. O que era aquela voz, aquele homem?"

    Madeleine Stowe

    "Por muitos anos, em nossa casa, minha mãe nos proibiu de ouvir Marvin Gaye: era a música lasciva do diabo, ela dizia".

    Jodie Foster

    "Mesmo já cego, eu podia "ver" as meninas fritando por Marvin; nunca entendi a sua timidez com tantas mulheres querendo a sua cama. Marvin foi o deus sexual de minha adolescência."

    Stevie Wonder



    OBS: Marvin Gaye é Deus.

    posted by caio at 1:27 AM 3 comments

    segunda-feira, janeiro 08, 2007



    BRASIL, 2007?

    E ISTO... EMOCIONANTE, MESMO...

    posted by caio at 7:56 PM 3 comments

    Rubem Fonseca

    O Cobrador
    Na porta da rua uma dentadura grande, embaixo escrito Dr. Carvalho, Dentista. Na sala de espera vazia uma placa, Espere o Doutor, ele está atendendo um cliente. Esperei meia hora, o dente doendo, a porta abriu e surgiu uma mulher acompanhada de um sujeito grande, uns quarenta anos, de jaleco branco.Entrei no gabinete, sentei na cadeira, o dentista botou um guardanapo de papel no meu pescoço. Abri a boca e disse que o meu dente de trás estava doendo muita. Ele olhou com um espelhinho e perguntou como é que eu tinha deixado os meus dentes ficarem naquele estado.Só rindo. Esses caras são engraçados.Vou ter que arrancar, ele disse, o senhor já tem poucos dentes e se não fizer um tratamento rápido vai perder todos os outros, inclusive estes aqui — e deu uma pancada estridente nos meus dentes da frente.Uma injeção de anestesia na gengiva. Mostrou o dente na ponta do boticão: A raiz está podre, vê?, disse com pouco caso.São quatrocentos cruzeiros.Só rindo. Não tem não, meu chapa, eu disse.Não tem não o quê?Não tem quatrocentos cruzeiros. Fui andando em direção à porta.Ele bloqueou a porta com o corpo. É melhor pagar, disse. Era um homem grande, mãos grandes e pulso forte de tanto arrancar os dentes dos fodidos. E meu físico franzino encoraja as pessoas. Odeio dentistas, comerciantes, advogadas, industriais, funcionários, médicos, executivos, essa canalha inteira. Todos eles estão me devendo muito. Abri o blusão, tirei o 38, e perguntei com tanta raiva que uma gota de meu cuspe bateu na cara dele, -- que tal enfiar isso no teu cu? Ele ficou branco, recuou. Apontando o revólver para o peito dele comecei a aliviar o meu coração: tirei as gavetas dos armários, joguei tudo no chão, chutei os vidrinhos todos como se fossem balas, eles pipocavam e explodiam na parede. Ar­rebentar os cuspidores e motores foi mais difícil, cheguei a machucar as mãos e os pés. O dentista me olhava, várias vezes deve ter pensado em pular em cima de mim, eu queria muito que ele fizesse isso para dar um tiro naquela barriga grande cheia de merda.Eu não pago mais nada, cansei de pagar!, gritei para ele, agora eu só cobro!Dei um tiro no joelho dele. Devia ter matado aquele filho da puta.
    * * *
    A rua cheia de gente. Digo, dentro da minha cabeça, e às vezes para fora, está todo mundo me devendo! Estão me devendo comida, buceta, cobertor, sapato, casa, automóvel, relógio, dentes, estão me devendo. Um cego pede esmolas sacudindo uma cuia de alumínio com moedas. Dou um pontapé na cuia dele, o barulhinho das moedas me irrita. Rua Marechal Floriano, casa de armas, farmácia, banco, china, retratista, Light, vacina, médico, Ducal, gente aos montes. De manhã não se consegue andar na direção da Central, a multidão vem rolando como uma enorme lagarta ocupando toda a calçada.
    * * *
    Me irritam esses sujeitos de Mercedes. A buzina do carro também me aporrinha. Ontem de noite eu fui ver o cara que tinha uma Magnum com silenciador para vender na Cruzada, e quando atravessava a rua um sujeito que tinha ido jogar tênis num daqueles clubes bacanas que tem por ali tocou a buzina. Eu vinha distraído pois estava pensando na Magnum, quando a buzina tocou. Vi que o carro vinha devagar e fiquei parado na frente. Como é?, ele gritou. Era de noite e não tinha ninguém perto. Ele estava vestido de branco. Saquei o 38 e atirei no pára-brisa, mais para estrunchar o vidro do que para pegar o sujeito. Ele arrancou com o carro, para me pegar ou fugir, ou as duas coisas. Pulei pro lado, o carro passou, os pneus sibilando no asfalto. Parou logo adiante. Fui até lá. O sujeito estava deitado com a cabeça para trás, a cara e o peito cobertos por milhares de pequeninos estilhaços de vidro. Sangrava muito de um ferimento feio no pescoço e a roupa branca dele já estava toda vermelha.Girou a cabeça que estava encostada no banco, olhos muito arregalados, pretos, e o branco em volta era azulado leitoso, como uma jabuticaba por dentro. E porque o branco dos olhos dele era azulado eu disse — você vai morrer, ô cara, quer que eu te dê o tiro de misericórdia?Não, não, ele disse com esforço, por favor.Vi da janela de um edifício um sujeito me observando. Se escondeu quando olhei. Devia ter ligado para a polícia.Saí andando calmamente, voltei para a Cruzada. Tinha sido muito bom estraçalhar o pára-brisa do Mercedes. Devia ter dado um tiro na capota e um tiro em cada porta, o lanterneiro ia ter que rebolar.
    * * *
    O cara da Magnum já tinha voltado. Cadê as trinta mi­lhas? Põe aqui nesta mãozinha que nunca viu palmatória, ele disse. A mão dele era branca, lisinha, mas a minha estava cheia de cicatrizes, meu corpo todo tem cicatrizes, até meu pau está cheio de cicatrizes.Também quero comprar um rádio, eu disse pro muambeiro. Enquanto ele ia buscar o rádio eu examinei melhor a Magnum. Azeitadinha, e também carregada. Com o silenciador parecia um canhão.O muambeiro voltou carregando um rádio de pilha.É japonês, ele disse.Liga para eu ouvir o som.Ele ligou.Mais alto, eu pedi.Ele aumentou o volume.Puf. Acho que ele morreu logo no primeiro tiro. Dei mais dois tiros só para ouvir puf, puf.
    * * *
    Tão me devendo colégio, namorada, aparelho de som, respeito, sanduíche de mortadela no botequim da rua Vieira Fazenda, sorvete, bola de futebol.Fico na frente da televisão para aumentar o meu ódio. Quando minha cólera está diminuindo e eu perco a vontade de cobrar o que me devem eu sento na frente da televisão e em pouco tempo meu ódio volta. Quero muito pegar um camarada que faz anúncio de uísque. Ele está vestidinho, bonitinho, todo sanforizado, abraçado com uma loura reluzente, e joga pedrinhas de gelo num copo e sorri com todos os dentes, os dentes dele são certinhos e são verdadeiros, e eu quero pegar ele com a navalha e cortar os dois lados da bochecha até as orelhas, e aqueles dentes branquinhos vão todos ficar de fora num sorriso de caveira vermelha. Agora está ali, sorrindo, e logo beija a loura na boca. Não perde por esperar.Meu arsenal está quase completo: tenho a Magnum com silenciador, um Colt Cobra 38, duas navalhas, uma carabina 12, um Taurus 38 capenga, um punhal e um facão. Com o facão vou cortar a cabeça de alguém num golpe só. Vi no cinema, num desses países asiáticos, ainda no tempo dos ingleses­ um ritual que consistia em cortar a cabeça de um animal, creio que um búfalo, num golpe único. Os oficiais ingleses presidiam a cerimônia com um ar de enfado, mas os decapitadores eram verdadeiros artistas. Um golpe seco e a cabeça do animal rolava, o sangue esguichando.
    * * *
    Na casa de uma mulher que me apanhou na rua. Coroa, diz que estuda no colégio noturno. Já passei por isso, meu colégio foi o mais noturno de todos os colégios noturnos do mundo, tão ruim que já não existe mais, foi demolido. Até a rua onde ele ficava foi demolida. Ela pergunta o que eu faço e digo que sou poeta, o que é rigorosamente verdade. Ela me pede que recite um poema meu. Eis: Os ricos gostam de dormir tarde/ apenas porque sabem que a corja/ tem que dormir cedo para trabalhar de manhã/ Essa é mais uma chance que eles/ têm de ser diferentes:/ parasitar,/ desprezar os que suam para ganhar a comida,/ dormir até tarde,/ tarde/ um dia/ ainda bem,/ demais./Ela corta perguntando se gosto de cinema. E o poema? Ela não entende. Continuo: Sabia sambar e cair na paixão/ e rolar pelo chão/ apenas por pouco tempo./ Do suor do seu rosto nada fora construído./ Queria morrer com ela,/ mas isso foi outro dia,/ ainda outro dia./ No cinema Íris, na rua da Carioca/ o Fantasma da Ópera/ Um sujeito de preto,/ pasta preta, o rosto escondido,/ na mão um lenço branco imaculado,/ tocava punheta nos espectadores;/ na mesma época, em Copacabana,/ um outro/ que nem apelido tinha,/ bebia o mijo dos mictórios dos cinemas/ e o rosto dele era verde e inesquecível./ A História é feita de gente morta/ e o futuro de gente que vai morrer./ Você pensa que ela vai sofrer?/ Ela é forte; resistirá./ Resistiria também; se­ fosse fraca./ Agora você, não sei./ Você fingiu tanto tempo, deu socos e gritos, embusteou/ Você está cansado,/ você. acabou,/ não sei o que te mantém vivo./Ela não entendia de poesia. Estava solo comigo e que­ria fingir indiferença, dava bocejos exasperados. A farsanteza das mulheres.Tenho medo de você, ela acabou confessando.Essa fodida não me deve nada, pensei, mora com sacrifício num quarto e sala, os olhos dela já estão empapuçados de beber porcarias e ler a vida das grã-finas na revista Vogue.Quer que te mate?, perguntei enquanto bebíamos uísque ordinário.Quero que você me foda, ela riu ansiosa, na dúvida. Acabar com ela? Eu nunca havia esganado ninguém com as próprias mãos. Não tem muito estilo, nem drama, esga­nar-se alguém, parece briga de rua. Mesmo assim eu tinha vontade de esganar alguém, mas não uma infeliz daquelas. Para um zé-ninguém, só tiro na nuca?Tenho pensado nisso, ultimamente. Ela tinha tirado a roupa: peitos murchos e chatos, os bicos passas gigantes que alguém tinha pisado; coxas flácidas com nódulos de celulite, gelatina estragada com pedaços de fruta podre.Estou toda arrepiada, ela disse.Deitei sobre ela. Me agarrou pelo pescoço, sua boca e língua na minha boca, uma vagina viscosa, quente e olorosa.Fodemos.Ela agora está dormindo.Sou justo.
    * * *
    Leio os jornais. A morte do muambeiro da Cruzada nem foi noticiada. O bacana do Mercedes com roupa de tenista morreu no Miguel Couto e os jornais dizem que foi assaltado pelo bandido Boca Larga. Só rindo.Faço um poema denominado Infância ou Novos Cheiros de Buceta com U: Eis-me de novo/ ouvindo os Beatles/ na Rádio Mundial/ às nove horas da noite/ num quarto/ que poderia ser/ e era/ de um santo mortificado/ Não havia pecado/ e não sei por que me lepravam/ por ser inocente/ ou burro/ De qualquer forma/ o chão estava sempre ali/ para fazer mergulhos./ Quando não se tem dinheiro/ é bom ter músculos/ e ódio./Leio os jornais para saber o que eles estão comendo, bebendo e fazendo. Quero viver muito para ter tempo de matar todos eles.
    * * *
    Da rua vejo a festa na Vieira Souto, as mulheres de vestido longo, os homens de roupas negras. Ando lentamente, de um lado para o outro na calçada, não quero despertar suspeitas e o facão por dentro da calça, amarrado na perna, não me deixa andar direito. Pareço um aleijado, me sinto um aleijado. Um casal de meia-idade passa por mim e me olha com pena; eu também sinto pena de mim, manco e sinto dor na perna.Da calçada vejo os garçons servindo champanha francesa. Essa gente gosta de champanha francesa, vestidos franceses, língua francesa.Estava ali desde as nove horas, quando passara em frente, todo municiado, entregue à sorte e ao azar, e a festa surgira.As vagas em frente ao apartamento foram logo ocupa­das e os carros dos visitantes passaram a estacionar nas es­curas ruas laterais. Um deles me interessou muito, um carro vermelho e nele um homem e uma mulher, jovens e elegantes. Caminharam para o edifício sem trocar uma palavra, ele ajeitando a gravata borboleta e ela o vestido e o cabelo. Prepararam-se para uma entrada triunfal mas da calçada vejo que a chegada deles foi, como a dos outros, recebida com desinteresse. As pessoas se enfeitam no cabeleireiro, no costureiro, no massagista e só o espelho lhes dá, nas festas, a atenção que esperam. Vi a mulher no seu vestido azul esvoaçante e murmurei — vou te dar a atenção que você merece, não foi à toa que você vestiu a sua melhor calcinha e foi tantas vezes à costureira e passou tantos cremes na pele e botou perfume tão caro.Foram os últimos a sair. Não andavam com a mesma firmeza e discutiam irritados, vozes pastosas, enroladas.Cheguei perto deles na hora em que o homem abria a porta do carro. Eu vinha mancando e ele apenas me deu um olhar de avaliação rápido e viu um aleijado inofensivo de baixo preço.Encostei o revólver nas costas dele.Faça o que mando senão mato os dois, eu disse.Para entrar de perna dura no estreito banquinho de trás não foi fácil. Fiquei meio deitado, o revólver apontado para a cabeça dele. Mandei que seguisse para a Barra da Tijuca. Tirava o facão de dentro da perna quando ele disse, leva o dinheiro e o carro e deixa a gente aqui. Estávamos na frente do Hotel Nacional. Só rindo. Ele já estava sóbrio e queria tomar um último uisquinho enquanto dava queixa à polícia pelo telefone. Ah, certas pessoas pensam que a vida é uma festa. Seguimos pelo Recreio dos Bandeirantes até chegar a uma praia deserta. Saltamos. Deixei acesos os faróis.Nós não Lhe fizemos nada, ele disse.Não fizeram? Só rindo. Senti o ódio inundando os meus ouvidos, minhas mãos, minha boca, meu corpo todo, um gosto de vinagre e lágrima.Ela está grávida, ele disse apontando a mulher, vai ser o nosso primeiro filho.Olhei a barriga da mulher esguia e decidi ser misericordioso e disse, puf, em cima de onde achava que era o umbigo dela, desencarnei logo o feto. A mulher caiu emborcada. Encostei o revólver na têmpora dela e fiz ali um buraco de mina.O homem assistiu a tudo sem dizer, uma palavra, a carteira de dinheiro na mão estendida. Peguei a carteira da mão dele e joguei pro ar e quando ela veio caindo dei-lhe um bico; de canhota, jogando a carteira longe.Amarrei as mãos dele atrás das costas com uma corda que eu levava. Depois amarrei os pés.Ajoelha, eu disse.Ele ajoelhou.Os faróis do carro iluminavam o seu corpo. Ajoelhei-me ao seu lado, tirei a gravata borboleta, dobrei o colarinho, deixando seu pescoço à mostra.Curva a cabeça, mandei.Ele curvou. Levantei alto o facão, seguro nas duas mãos; vi as estrelas no céu, a noite imensa, o firmamento infinito e desci o facão, estrela de aço, com toda minha força, bem no meio do pescoço dele.A cabeça não caiu e ele tentou levantar-se, se debatendo como se fosse uma galinha tonta nas mãos de uma cozinheira incompetente. Dei-lhe outro golpe e mais outro e outro e a cabeça não rolava. Ele tinha desmaiado ou morrido com a porra da cabeça presa no pescoço. Botei o corpo sobre o pára­lama do carro. O pescoço ficou numa boa posição. Concentrei-me como um atleta que vai dar um salto mortal. Dessa vez, enquanto o facão fazia seu curto percurso mutilante zunindo fendendo o ar, eu sabia que ia conseguir o que queria. Brock! a cabeça saiu rolando pela areia. Ergui alto o alfanje e recitei: Salve o Cobrador! Dei um grito alto que não era nenhuma palavra, era um uivo comprido e forte, para que todos os bichos tremessem e saíssem da frente. Onde eu passo o asfalto derrete.
    * * *
    Uma caixa preta debaixo do braço. Falo com a língua presa que sou o bombeiro que vai fazer o serviço no aparta­mento duscenthos e um. O porteiro acha graça na minha língua presa e me manda subir. Começo do último andar. Sou o bombeiro (língua normal agora) vim fazer o serviço. Pela abertura, dois olhos: ninguém chamou bombeiro não. Desço para o sétimo, a mesma coisa. Só vou ter sorte no primeiro andar.A empregada me abriu a porta e gritou lá para dentro, é o bombeiro. Surgiu uma moça de camisola, um vidro de esmalte de unhas na mão, bonita, uns vinte e cinco anos.Deve haver um engano, ela disse, nós não precisamos de bombeiro.Tirei o Cobra de dentro da caixa. Precisa sim, é bom ficarem quietas senão mato as duas. Tem mais alguém em casa? O marido estava trabalhando e o menino no colégio. Amarrei a empregada, fechei sua boca com esparadrapo. Levei a dona pro quarto.Tira a roupa.Não vou tirar a roupa, ela disse, a cabeça erguida. Estão me devendo xarope, meia, cinema, filé mignon e buceta, anda logo. Dei-lhe um murro na cabeça. Ela caiu na cama, uma marca vermelha na cara. Não tiro. Arranquei a camisola, a calcinha. Ela estava sem sutiã. Abri-lhe as pernas. Coloquei os meus joelhos sobre as suas coxas. Ela tinha uma pentelheira basta e negra. Ficou quieta, com olhos fechados. Entrar naquela floresta escura não foi fácil, a buceta era apertada e seca. Curvei-me, abri a vagina e cuspi lá dentro, grossas cusparadas. Mesmo assim não foi fácil, sentia o meu pau esfolando. Deu um gemido quando enfiei o cacete com toda força até o fim. Enquanto enfiava e tirava o pau eu lambia os peitos dela, a orelha, o pescoço, passava o dedo de leve no seu cu, alisava sua bunda. Meu pau começou a ficar lubrifi­cado pelos sucos da sua vagina, agora morna e viscosa.Como já não tinha medo de mim, ou porque tinha medo de mim, gozou primeiro do que eu. Com o resto da porra que saía do meu pau fiz um círculo em volta do umbigo dela.Vê se não abre mais a porta pro bombeiro, eu disse, antes de ir embora.
    ***
    Saio do sobrado da rua Visconde de Maranguape. Uma panela em cada molar cheio de cera do Dr. Lustosa/ mastigar com os dentes da frente/ punheta pra foto de revista/ livros roubados./ Vou para a praia.Duas mulheres estão conversando na areia; uma tem o corpo queimado de sol, um lenço na cabeça; a outra é clara, deve ir pouco à praia; as duas têm o corpo muito bonito; a bunda da clara é a bunda mais bonita entre todas que já vi.Sento perto, e fico olhando. Elas percebem meu interesse e começam logo a se mexer, dizer coisas com o corpo, fazer movimentos aliciantes com os rabos. Na praia somos todos iguais, nós os fodidos e eles. Até que somos melhores pois não temos aquela barriga grande e a bunda mole dos para­sitas. Eu quero aquela mulher branca! Ela inclusive está interessada em mim, me lança olhares. Elas riem, riem, dentantes. Se despedem e a branca vai andando na direção de Ipanema, a água molhando os seus pés. Me aproximo e vou andando junto, sem saber o que dizerSou uma pessoa tímida, tenho levado tanta porrada na vida, e o cabelo dela é fino e tratado, o seu tórax é esbelto, os seios pequenos, as coxas são sólidas e redondas e musculosas e a bunda é feita de dois hemisférios rijos. Corpo de bailarina.Você estuda balé?Estudei, ela diz. Sorri para mim. Como é que alguém pode ter boca tão bonita? Tenho vontade de lamber dente por dente da sua boca. Você mora por aqui?, ela pergunta. Moro, minto. Ela me mostra um prédio na praia, todo de mármore.
    * * *
    De volta à rua Visconde de Maranguape. Faço hora para ir na casa da moça branca. Chama-se Ana. Gosto de Ana, palindrômico. Afio o facão com uma pedra especial, o pescoço daquele janota era muito duro. Os jornais abriram muito espaço para a morte do casal que eu justicei na Barra. A moça era filha de um desses putos que enriquecem em Sergipe ou Piauí, roubando os paus-de-araras, e depois vêm para o Rio, e os filhos de cabeça chata já não têm mais sotaque, pintam o cabelo de louro e dizem que são descendentes de holandeses.Os colunistas sociais estavam consternados. Os granfas que eu despachei estavam com viagem marcada para Paris. Não há mais segurança nas ruas, dizia a manchete de um jornal. Só rindo. Joguei uma cueca pro alto e tentei cortá-la com o facão, como o Saladino fazia (com um lenço de seda) no cinema.Não se fazem mais cimitarras como antigamente/ Eu sou uma hecatombe/ Não foi nem Deus nem o Diabo/ Que me fez um vingador/ Fui eu mesmo/ Eu sou o Homem Pênis/ Eu sou o Cobrador./Vou no quarto onde Dona Clotilde está deitada há três anos. Dona Clotilde é dona do sobrado.Quer que eu passe o escovão na sala?, pergunto.Não meu filho, só queria que você me desse a injeção de trinevral antes de sair.Fervo a seringa, preparo a injeção. A bunda de Dona Clotilde é seca como uma folha velha e amassada de papel de arroz.Você caiu do céu, meu filho, foi Deus que te mandou, ela diz.Dona Clotilde não tem nada, podia levantar e ir comprar coisas no supermercado. A doença dela está na cabeça. E depois de três anos deitada, só se levanta para fazer pipi e cocô, ela não deve mesmo ter forças.Qualquer dia dou-lhe um tiro na nuca.
    * * *
    Quando satisfaço meu ódio sou possuído por uma sensação de vitória, de euforia que me dá vontade de dançar — dou pequenos uivos, grunhidos, sons inarticulados, mais próximos da música do que da poesia, e meus pés deslizam pelo chão, meu corpo se move num ritmo feito de gingas e saltos, como um selvagem, ou um macaco.Quem quiser mandar em mim pode querer, mas vai morrer. Estou querendo muito matar um figurão desses que mostram na televisão a sua cara paternal de velhaco bem-sucedido, uma pessoa de sangue engrossado por caviares e champãs. Come caviar/ teu dia vai chegar./ Estão me devendo uma garota de vinte anos, cheia de dentes e perfume. A moça do prédio de mármore? Entro e ela está me esperando, sentada na sala, quieta, imóvel, o cabelo muito preto, o rosto branco, parece uma fotografia.Vamos sair, eu digo para ela. Ela me pergunta se estou de carro. Digo que não tenho carro. Ela tem. Descemos pelo elevador de serviço e saímos na garagem, entramos num Puma conversível.Depois de algum tempo pergunto se posso dirigir e trocamos de lugar. Petrópolis está bem?, pergunto. Subimos a serra sem dizer uma palavra, ela me olhando. Quando chega­mos a Petrópolis ela pede que eu pare num restaurante. Digo que não tenho dinheiro nem fome, mas ela tem as duas coisas, come vorazmente como se a qualquer momento fossem levar o prato embora. Na mesa ao lado um grupo de jovens bebendo e falando alto, jovens executivos subindo na sexta-­feira e bebendo antes de encontrar a madame toda enfeitada para jogar biriba ou falar da vida alheia enquanto traçam queijos e vinhos. Odeio executivos. Ela acaba de comer. E agora? Agora vamos voltar, eu digo, e descemos a serra, eu dirigindo como um raio, ela me olhando. Minha vida não tem sentido, já pensei em me matar, ela diz. Paro na rua Visconde de Maranguape. É aqui que você mora? Saio sem dizer nada. Ela sai atrás: vou te ver de novo? Entro e enquanto vou subindo as escadas ouço o barulho do carro partindo.
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    Top Executive Club. Você merece o melhor relax, feito de carinho e compreensão. Nossas massagistas são completas. Elegância e discrição.Fica quieto senão chumbo a sua barriga executiva.Ele tem o ar petulante e ao mesmo tempo ordinário do ambicioso ascendente egresso do interior, deslumbrado de coluna social, comprista, eleitor da Arena, católico, cursilhista, patriota, mordomista e bocalivrista, os filhos estudando na PUC, a mulher transando decoração de interiores e sócia de butique.Como é executivo, a massagista te tocou punheta ou chupou teu pau?Você é homem, sabe como é, entende essas coisas, ele disse. Papo de executivo com chofer de táxi ou ascensorista. De Botucatu para a Diretoria, acha que já enfrentou todas as situações de crise.Não sou homem porra nenhuma, digo suavemente, sou o Cobrador.Sou o Cobrador!, grito.Ele começa a ficar da cor da roupa. Pensa que sou maluco e maluco ele ainda não enfrentou no seu maldito escritório refrigerado.Vamos para sua casa, eu digo.Eu não moro aqui no Rio, moro em São Paulo, ele diz. Perdeu a coragem, mas não a esperteza. E o carro?, pergunto. Carro, que carro? Este carro, com a chapa do Rio? Tenho mulher e três filhos, ele desconversa. Que é isso? Uma desculpa, senha, habeas-corpus, salvo-conduto? Mando parar o carro. Puf, puf, puf, um tiro para cada filho, no peito. O da mulher na cabeça, puf.
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    Para esquecer a moça que mora no edifício de mármore vou jogar futebol no aterro. Três horas seguidas, minhas per­nas todas escalavradas das porradas que levei, o dedão do pé direito inchado, talvez quebrado. Sento suado ao lado do campo, junto de um crioulo lendo O Dia. A manchete me interessa, peço o jornal emprestado, o cara diz se tu quer ler o jornal por que não compra? Não me chateio, o crioulo tem poucos dentes, dois ou três, tortos e escuros. Digo, tá, não vamos brigar por isso. Compro dois cachorros-quentes e duas cocas e dou metade pra ele e ele me dá o jornal. A manchete diz: Polícia à procura do louco da Magnum. Devolvo o jornal pro crioulo. Ele não aceita, ri para mim enquanto mastiga com os dentes da frente, ou melhor com as gengivas da frente que de tanto uso estão afiadas como navalhas. Notícia do jornal: Um grupo de grã-finos da zona sul em grandes preparativos para o tradicional Baile de Natal — Primeiro Grito de Carnaval. O baile começa no dia vinte e quatro e termina no dia primeiro do Ano Novo; vêm fazendeiros da Argentina, herdeiros da Alemanha, artistas americanos, executivos japoneses, o parasitismo internacional. O Natal virou mesmo uma festa. Bebida, folia, orgia, vadiagem.O Primeiro Grito de Carnaval. Só rindo. Esses caras são engraçados.Um maluco pulou da ponte Rio-Niterói e boiou doze horas até que uma lancha do Salvamar o encontrou. Não pegou nem resfriado.Um incêndio num asilo matou quarenta velhos, as famílias celebraram.
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    Acabo de dar a injeção de trinevral em Dona Clotilde quando tocam a campainha. Nunca tocam a campainha do sobrado. Eu faço as compras, arrumo a casa. Dona Clotilde não tem parentes. Olho da sacada. É Ana Palindrômica.Conversamos na rua. Você está fugindo de mim?, ela pergunta. Mais ou menos, digo. Vou com ela pro sobrado. Dona Clotilde, estou com uma moça aqui, posso levar pro quarto? Meu filho, a casa é sua, faça o que quiser, só quero ver a moça.Ficamos em pé ao lado da cama. Dona Clotilde olha para Ana um tempo enorme. Seus olhos se enchem de lágrimas. Eu rezava todas as noites, ela soluça, todas as noites para você encontrar uma moça como essa. Ela ergue os braços magros cobertos de finas pelancas para o alto, junta as mãos e diz, oh meu Deus, como vos agradeço!Estamos no meu quarto, em pé, sobrancelha com sobrancelha, como no poema, e tiro a roupa dela e ela a minha e o corpo dela é tão lindo que sinto um aperto na garganta, lágrimas no meu rosto, olhos ardendo, minhas mãos tremem e agora estamos deitados, um no outro, entrançados, gemendo, e mais, e mais, sem parar, ela grita; a boca aberta, os dentes brancos como de um elefante jovem, ai, ai, adoro a tua obsessão!, ela grita, água e sal e porra jorram de nossos corpos, sem parar.Agora, muito tempo depois, deitados olhando um para o outro hipnotizados até que anoitece e nossos rostos brilham no escuro e o perfume do corpo dela traspassa as paredes do quarto.Ana acordou primeiro do que eu e a luz está acesa. Você só tem livros de poesia? E estas armas todas, pra quê? Ela pega a Magnum no armário, carne branca e aço negro, aponta pra mim. Sento na cama.Quer atirar? pode atirar, a velha não vai ouvir. Mais para cima um pouco. Com a ponta do dedo suspendo o cano até a altura da minha testa. Aqui não dói.Você já matou alguém? Ana aponta a arma pra minha testa.Já.Foi bom?Foi.Como?Um alívio.Como nós dois na cama?Não, não, outra coisa. O outro lado disso.Eu não tenho medo de você, Ana diz.Nem eu de você. Eu te amo.Conversamos até amanhecer. Sinto uma espécie de febre. Faço café pra Dona Clotilde e levo pra ela na cama. Vou sair com Ana, digo. Deus ouviu minhas preces, diz a velha entre goles.
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    Hoje é dia vinte e quatro de dezembro, dia do Baile de Natal ou Primeiro Grito de Carnaval. Ana Palindrômica saiu de casa e está morando comigo. Meu ódio agora é diferente. Tenho uma missão. Sempre tive uma missão e não sabia. Agora sei. Ana me ajudou a ver. Sei que se todo fodido fizesse como eu o mundo seria melhor e mais justo. Ana me ensinou a usar explosivos e acho que já estou preparado para essa mudança de escala. Matar um por um é coisa mística e disso eu me libertei. No Baile de Natal mataremos convencionalmente os que pudermos. Será o meu último gesto romântico inconseqüente. Escolhemos para iniciar a nova fase os compristas nojentos de um supermercado da zona sul. Serão mor­tos por uma bomba de alto poder explosivo. Adeus, meu facão, adeus meu punhal, meu rifle, meu Colt Cobra, adeus minha Magnum, hoje será o último dia em que vocês serão usados. Beijo o meu facão. Explodirei as pessoas, adquirirei prestigio; não serei apenas o louco da Magnum. Também não sairei mais pelo parque do Flamengo olhando as árvores; os troncos, a raiz, as folhas, a sombra, escolhendo a árvore que eu queria ter, que eu sempre quis ter, num pedaço de chão de terra batida. Eu as vi crescer no parque e me alegrava quando chovia e a terra se empapava de água, as folhas lavadas de chuva, o vento balançando os galhos, enquanto os carros dos canalhas passavam velozmente sem que eles olhas­sem para os lados. Já não perco meu tempo com sonhos.O mundo inteiro saberá quem é você, quem somos nós, diz Ana.Notícia: O Governador vai se fantasiar de Papai Noel. Notícia: menos festejos e mais meditação, vamos purificar o coração. Notícia: Não faltará cerveja. Não faltarão perus. Notícia: Os festejos natalinos causarão este ano mais vítimas de trânsito e de agressões do que nos anos anteriores. Policia e hospitais preparam-se para as comemorações de Natal. O Cardeal na televisão: a festa de Natal está deturpada, o seu sentido não é este, essa história de Pagai Noel é uma invenção infeliz. O Cardeal afirma que Papai Noel é um palhaço fictício.Véspera de Natal é um bom dia para essa gente pagar o que deve, diz Ana. O Papai Noel do baile eu mesmo quero matar com o facão, digo.Leio para Ana o que escrevi, nosso manifesto de Natal, para os jornais. Nada de sair matando a esmo, sem objetivo definido. Eu não sabia o que queria, não buscava um resultado prático, meu ódio estava sendo desperdiçado. Eu estava certo nos meus impulsos, meu erro era não saber quem era o inimigo e por que era inimigo. Agora eu sei, Ana me ensinou. E o meu exemplo deve ser seguido por outros, muitos outros, só assim mudaremos o mundo. É a síntese do nosso manifesto.Ponho as armas numa mala. Ana atira tão bem quanto eu, só não sabe manejar o facão, mas essa arma agora é obsoleta. Damos até logo à Dona Clotilde. Botamos a mala no carro. Vamos ao Baile de Natal. Não faltará cerveja, nem perus. Nem sangue. Fecha-se um ciclo da minha vida e abre-se outro.
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    Dicas do Mentor:
    - Leia o conto;
    - Parta para a Guanabara;
    - Tome "umas breja" na praça Tiradentes (tem uns botecos clássicos lá);
    - Troque idéia com os motoristas de buzão e taxistas que fazem da praça, ponto final;
    - Veja uns strippes na carioca;
    - convide uma puta para comer um joelho de porco no Bar do Luiz;
    - depois a leve à praça 15 (sua grana estará curta, lá tem chopp mais barato);
    - Já estará escuro, leve-a à Lapa, no Carioca da Gema, ela se encontrará com outras putas;
    - Apresente-se as putas, seja amigo delas, coma-as de graça;
    - Depois durma numa pensão qualquer na Glória;
    - Assalte a geladeira e roube o leite com tody de uma das putas (a que te deu abrigo);
    - Volte para o quarto e comece a alisar a bunda dela;
    - Fale que nunca comeu um cu (tem que ser cachorro, elas têm que duvidar da pala);
    - Puta adora mentira mal contada;
    - Implore uma grana emprestada para você voltar para o Baixo Leblon e volte de táxi;
    - Nós estaremos lá no Jobi, já bêbados te esperando para brindarmos a vida...

    posted by Mentor at 5:28 PM 3 comments



    Sean Penn é provavelmente o protagonista da maior virada em uma carreira cinematográfica na história dos EUA. De mais um adolescente semi-retardado ao maior e mais completo ator de sua geração - uma reviravolta espantosa para aquele cara apontado como o "garotão-marido da cantora platinada-que a embolacha vez ou outra". Suas atuações possuem a consistência de quem constrói o papel a partir de uma baita introspecção, um senhor mergulho na essência das personagens. E nesse filme aí (um dos últimos de sua cinebiografia)... Bem, o sujeito mais uma vez apavora os concorrentes e salta com as duas mãos na garganta do espectador desavisado (pois é, ele ainda existe). Vou resumir em uma palavrinha desgracenta o sentimento maior dessa fita e da atuação do cara nela: ANGÚSTIA.

    Um dos filmes mais angustiantes que já tive o (des)prazer de assistir.

    No mesmo naipe do Kevin Bacon em "O Lenhador".

    Corram para as locadoras, bastardos!

    posted by caio at 1:23 PM 2 comments

    domingo, janeiro 07, 2007


    "Se eles voltam, eu volto! Falei pro Dj..."

    posted by Mrlips at 11:11 AM 3 comments

    sexta-feira, janeiro 05, 2007

    PRATICAMENTE INOFENSIVA

    !
    "Mas o pior mesmo é o outono. Alguns dos seres que vivem no intestino grosso dos ratos talvez discordem, mas a maioria das coisas que vivem nos intestinos grossos de ratos são bastante desagradáveis - então podemos e iremos ignorar sua opinião".

    Trecho do 5º livro da série Guia do Mochileiro das Galáxias de Douglas Adams (1952-2001).
    ¡

    posted by BonaTTo at 1:10 AM 2 comments

    quinta-feira, janeiro 04, 2007

    FOTOS CLÁSSICAS DEMAIS DA CONTA




    Eu, Flavinha (my baby, percebe-se) e Led, na casa do Kalunga - festa de meu aniversário - 23.12



    Barata (com a camisa suja de sangue, logo depois de espancar alguém com o seu soco inglês), Flavinha (Uh, baby!!!), eu, Led e Kalunga



    MASSA (todos os direitos reservados ao Led)!



    My baby e amiga, véspera do meu aniversário, Guarapari

    posted by caio at 12:02 AM 6 comments